segunda-feira, 21 de abril de 2008

Pombas sem nome




Voaram cegas,
geladas,
cheias de fome,
das ruas sem nada.

Vagueiam pelo átrio
da gare
de Montparnasse.

Indiferentes às horas,
buscam migalhas,
à vista de todos,
em cima das mesas
e caídas no chão.


Contentes, nervosas,
correm as gentes,
de rosto, sem nome,
e, ao alto,
saltitam as letras,
a cada comboio
que chega
ou que parte.

Pelos bancos corridos,
sem costas,
de costas voltadas,
dormitam olhos cansados,
à espera das horas,
que tardam.


Paris,Montparnasse, em Dezembro.2007
Joaquim Luís Mendes Gomes