segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

é agora!...

É agora!...

É preciso urgentemente,
Acabar com esta onda de pobreza
Que avassala
O meu País...
Não foi para isto
Que ele se construiu,
Há tantos séculos...
Pedacinho de terra fértil
E linda,
À beira-mar...

Há muito sangue,
Suor e lágrimas...
Derramados no seu chão
De húmus tão terno.

Chega e sobra
Para os dez milhões de irmãos
Que nele nasceram...
Tem de tudo.
Água e sol,
Com fartura...
Tem encostas doces,
Que se cobrem de vinho e mel.
Tem vales suaves
Onde o gado,
Bravio e manso,
Pode pastar,
Em liberdade.

Tem oliveiras tão humildes
Nas suas cores
Mas que enchem de oiro,
Os galheteiros...
Parece de mel.

Tem floresta, apesar de arder,
Por mãos perversas,
A soldo d’alguém...
Que não merecia viver.

E tem um mar
Tão largo e fundo...
Povoado de tanto sal,
E pescado fresco...
Não precisa de amanho...
É só pegar!...

Então, porque se vê tanta miséria,
Exposta e, pior
Aquela oculta...
Sempre a crescer?...

Não pode ser!...
Basta!...Vamos dar cabo dela
E de quem a causa!...
Só por maldade...e egoísmo atroz!...
Agora mesmo...no nascer do ano.

Ouvindo Wagner
31 de Dezembro de 2013
8h23m
Joaquim Luís Mendes Gomes


é agora!...

É agora!...

É preciso urgentemente,
Acabar com esta onda de pobreza
Que avassala
O meu País...
Não foi para isto
Que ele se construiu,
Há tantos séculos...
Pedacinho de terra fértil
E linda,
À beira-mar...

Há muito sangue,
Suor e lágrimas...
Derramados no seu chão
De húmus tão terno.

Chega e sobra
Para os dez milhões de irmãos
Que nele nasceram...
Tem de tudo.
Água e sol,
Com fartura...
Tem encostas doces,
Que se cobrem de vinho e mel.
Tem vales suaves
Onde o gado,
Bravio e manso,
Pode pastar,
Em liberdade.

Tem oliveiras tão humildes
Nas suas cores
Mas que enchem de oiro,
Os galheteiros...
Parece de mel.

Tem floresta, apesar de arder,
Por mãos perversas,
A soldo d’alguém...
Que não merecia viver.

E tem um mar
Tão largo e fundo...
Povoado de tanto sal,
E pescado fresco...
Não precisa de amanho...
É só pegar!...

Então, porque se vê tanta miséria,
Exposta e, pior
Aquela oculta...
Sempre a crescer?...

Não pode ser!...
Basta!...Vamos dar cabo dela
E de quem a causa!...
Só por maldade...e egoísmo atroz!...
Agora mesmo...no nascer do ano.

Ouvindo Wagner
31 de Dezembro de 2013
8h23m
Joaquim Luís Mendes Gomes


no tempo em que os animais falavam...


No tempo em que os animais falavam...

Havia discursos rectos,
com poucas palavras,
se dizia muito
e certo.

Depois de perderem o dom da fala,
O bicho-homem
Ficou com o monopólio
De dizer asneiras,
Quantas mais melhor...

Porque nas assembleias,
Deixaram de estar os animais...
Donos do senso.
Nada escapava...

Ao menor dislate,
Caíam-lhes em cima,
Sem dó nem piedade...

Agora, quanto mais asneiras ...
Mais intelectual...
É o bichano.

Mais alto sobe e manda,
Como se vê,
Na nossa assembleia de pardais...
Onde viceja a burrice esperta
Todo o ano...
Vão-se uns...
Logo aparece outro bando,
Com fome...de rato
E de roer os nossos bolsos,
Como formigas térmitas...
tudo devoram...
Que só gostam
só deixam o prato...

Ouvindo Wagner

Berlim, 30 de dezembro de 2013
20h51m
Joaquim Luís Mendes Gomes


nem corvos...nem aviões...


Nem corvos...nem aviões...

Se vou para a minha varanda fumar o meu cachimbo
E beber umtrago de uísque
E não encontro os meus vizinhos,
Fico triste e pesaroso...
Só volto a arrebitar,
Quando alcanço os dois casais de corvos,
Cada um sobre sua morada,
No alto do prédio,
E muitos traços de aviões,
Cruzando o céu...

Fazem parte da minha vida.
São meu horizonte,
Sobre o mundo distante,
Que eu deixei à beira-mar.

São eles que me trazem as novas...
No seu vai-vém diário.

Abençoado sol brilhante
Que, de vez em quando raia,
Desfazendo a cortina espessa
De cinza
Que, nesta quadra,
Cobre Berlim...
Hoje é um desses dias...
Por isso eu rejubilo...
Tive novas boas
Das ridentes cercanias
De Mafra e de Lisboa...

Ouvindo Grieg
Berlim, 30 de Dezembro de 2013
15h45m
Joaquim Luís Mendes Gomes

domingo, 29 de dezembro de 2013

como um condor...

Como um condor...

Circulo na minha bicicleta inglesa,
De mudanças ao cubo,
Um selim comprido e largo,
Um guiador metalizado,
Com a chave das mudanças.
E um grande espelho.

Vou mais feliz que se fosse num jaguar.
Vermelho.
Da cor do sangue
De quem contribuiu, com seu suor,
Para o patrão luzir.
Sem nada fazer.

Meus cabelos voam ao vento.
Minhas pernas compridas
Fazem de asas.
Como se a bicicleta
Fosse um moinho.
No alto dum monte
Que eu desço louco,
Em correria de jovem.

Minha camisa aberta à frente,
Deixa bater a força do vento.
No meu peito nu,
Um forno em brasa.

Meus braços estremecem firmes,
Como se fossem remos...
E a bicicleta, ainda mais louca...
Gosta e ainda mais corre.
Parece um corcel.
Quase me mata...

Meu rosto arde,
Chaminé ardente...
Lançando fumo
Como um vapor...
No mar.

Me sinto livre,
Como um condor.
Nos Andes.
Voando à solta,
Sem querer poisar...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 29 de Dezembro de 2013
22h2m
Joaquim Luís Mendes Gomes




sábado, 28 de dezembro de 2013

os meus tinteiros ...


Os meus tinteiros...

Preciso de renovar os meus tinteiros.
Foram a zero.
Não vou comprá-los ao supermercado.
Vou pedi-los directo,
À natureza,
Em estado puro.

O preto,
Vou pedi-lo à floresta negra,
Que de negra,
Só tem o nome.

O vermelho, em sangue,
Vou enchê-lo, grátis,
No oriente,
Ao Mar Vermelho.

Para o amarelo,
Vou direito à capoeira
E com gemas de ovo,
Vou enchê-lo até esbordar.

Para o azul,
Eu tenho o mar...
É só encher
E trazer para casa.

E o verde?
Atravesso o mar
E vou ao Amazonas,
Onde mora a floresta.

Quanto ao branco,
É só pedi-lo ao pai natal
Quando voltar para o ano,
Da Gronelândia...

E a mistura de todos,
Para atingir todos os tons,
Fica a cargo da impressora,
Nem precisa de botões...

E pintarei o dia
Ao nascer do sol.
E pintarei a noite
Com a lua luzir.

E o azul do mar
A espelhar o céu.
E até a alma dos anjos,
Se eu lhes visse as asas...

Berlim, 28 de Dezembro de 2013

Baladas de Berlim- meu livro de poesia

Meus caros Amigos


Tenho de vender 3000 num ano, para que a editora traduza, por sua conta, nas línguas principais, o meu livro e ele chegue a todo mundo...

É um livro de poesia, com mensagem sã e positiva...para crente e não crente...de todas as idades e cor da pele...em palavras simples e com frescura.

Quem quiser adquirir o meu livro de poemas- Baladas de Berlim - pode fazê-lo nas seguintes livrariasao preço de 14 euros:

Caro Joaquim,

O livro pode, neste momento, ser encontrado nas seguintes livrarias:

Livraria Les Enfants Terribles
Cinema Nimas
Av. 5 de Outubro, 42B
1050 Lisboa

Livraria Nun’Álvares
Rua 5 de Outubro, n.º 59
7300-133 Portalegre

Livraria Papelaria 115
Praça 8 de Maio, n.º 29
3000-300 Coimbra

Livraria Branco
Rua Dr. Roque Silveira, n.º 95
5000-630 Vila Real

Livraria Caminho
Rua Pedro Santarém, n.º 41
2000-223 Santarém

Representações Online
Praça do Comércio, n.º 108
4720-337 Ferreiros AMR

Livraria BrincoLivro
Rua Alexandre Herculano, 301
3510 – 038 Viseu

Livraria Universo
Rua do Concelho, n.º 13
2900-331 Setúbal

Livraria de José Alves
Rua da Fábrica, n.º 74
4050-246 Porto

Livraria Esperança
Rua dos Ferreiros, 119
9000-082 Funchal

Nazareth e Filho
Praça do Giraldo, 46
7000-406 Évora

Livraria Graça
Rua da Junqueira, n.º 46
4490-519 Póvoa do Varzim

Aliete S Clara Brito
Avenida 25 de Abril, lote 24 R/C
8500-511 Portimão

Livraria Caravana
Morada Sede: Av. 25 de Abril, Edf. Vila Flôr 6º
8100-596 Loulé

Livraria Papelaria Meneses
Rua da Sobreira, n.º 206 Paços de Brandão
4535- 297 Aveiro

Está disponível online no nosso site, na FNAC.PT, Wook, na bertrand Online e no Sítio do Livro.

É possível, também, encomendá-lo em qualquer balcão Fnac, Book.it e Bertrand.
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Daniela Melo gosta disto.
Joaquim Luís Mendes Gomes

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

pisadas na praia...


Pisadas na praia...

Caminhei horas sem fim,
À beira do mar.
Admirando e pensando.
Presente e passado.
No futuro não penso.
Não me pertence...
Não me sentia sozinho.

Caí de cansado.
Ouvindo as ondas,
Que vinham e iam,
Fiquei a dormir.
Não sei quanto tempo.
Nem porque acordei.

Era manhã.
Olhei para o mar.
Dormia cansado,
Por baixo das ondas,
De tanto sorrir e brincar.

E vi que à frente,
Havia pégadas,
De passadas
Do tamanho das minhas...
Numa linha sem fim.

Pus-me a segui-las,
A ver onde levavam...

Admirando e pensando.
Presente e passado.
No futuro não penso.
Farei o melhor.
Será o que for.

Caminhei ...caminhei...
Intrigado.
Seguindo as passadas
Ao ritmo das minhas.

Horas sem fim.
Cansado, caí a dormir.
Ouvindo as ondas
Dum mar a bramir.

Acordei de manhã
Com os raios de sol
Batendo nos olhos.

E ouvindo uma voz...
D’alguém a meu lado.
Eras tu...meu amigo.
Como eu peregrino,
Caminheiro de todas as horas...

Ouvindo Beethoven

Berlim, 28 de Dezembro de 2013
7h36m
Joaquim Luís Mendes Gomes



perdido na praia...


Perdido na praia...

 

Estou como estava,

Antes de escrever o que escrevi.

Li. Partilhei.

Atirei para o mundo,

Como ondas do mar

E quedei-me na praia sozinho.

Sem poemas para ver.

 

Fechei os meus olhos

E olhei para o céu.

Vi nuvens bailando.

Gaivotas em bandos,

Picando a prumo,

Sobre os cardumes

Que vieram espreitar.

 

Atirei pedrinhas às ondas.

Apanhei conchinhas lavadas,

Que jaziam tão tristes,

Sem nada lá dentro.

 

Salguei os meus pés,

Na salina do mar.

Meu rosto ardia,

Com tanta carícia,

Da brisa fresquinha

Que saía a ferver,

Regada de iodo,

Perfumada das algas,

Flores bailarinas,

Que moram sozinhas,

Nos fundos da areia,

Sorvendo do sol

A verdura que vestem.

 

Deitei-me ao comprido,

Todo vestido.

Adormeci descansado.

E um poema bem lindo,

Raiado de luz,

Se abriu aos meus olhos...

Foi só copiar...

 

Berlim, 27 de Dezembro de 2013

21h41m

Joaquim Luís Mendes Gomes

os queixumes das árvores...


Os queixumes das árvores...

Vim da varanda.
Ouvi os queixumes das árvores,
Minha vizinhas da frente.

De braços erguidos,
Bailando ao vento,
Soltavam queixumes...
Suas raízes
Prendiam-nas ao chão.
E queriam ter asas...
Para voarem...
Como as nuvens ao sol,
Bailando no céu.

Perderam as folhas
Que as cobriam de verde.
Vêm-se nuas,
Tremendo geladas.
Lançam gemidos
À gente que passa.
Ninguém as atende.

Pediram-me socorro.
Juraram-me que voltam,
Carregadas de folhas,
E flores com perfume,
Quando a primavera aparecer,
Se houver quem as solte
Das garras do chão...

Vim para dentro...
Quase chorando.

E que seria de mim,
Ficaria perdido,
Aqui neste abrigo,
Sózinho,
Se lhes nascessem as asas?...

Ouvindo Smetana

Berlim, 27 de Dezembro de 2013
13h35m
Joaquim Luís Mendes Gomes

rumo à Régua...

Rumo à Régua...

Numa manhã fria de prata,
Tomei o comboio
E fui rente ao Douro,
Margem direita,
De Caíde à Régua.

Raivoso, soltou um apito
E largou...
Thunkathum!...thunkathum!...
Baforadas brancas de fumo
Sobem no vento,
Penetra num túnel,
Negro tão escuro,
Noite breu...
Se cerram janelas
E as cinzas, mesmo assim,
Rasgam as frestas
E sujam camisas...

Passado o negrume,
Ali vai a descer,
Verde e profundo,
Sulcado d’ondinhas,
Que flamejam ao sol.

Corre indiferente
Ao comboio que passa.
E aos rabelos hirsutos,
Com torres ao alto,
Que carrega no dorso,
Carregados de vinho...
E aqueles compridos,
De carvão a esbordar,
Rentinho à água,
Quase a afundar,
Dormindo sobre ele
Como se fosse um colchão...

Vai meditando nas horas que faltam
Para a foz e dormir...

E o comboio ronceiro
Apita e apita,
- Fujam da frente!
Avisando que vai...
Thukathum...thukathum...

Escorrem dos montes,
Socalcos de renda,
Com ondas,
Carregados de vinho.

Casinhas branquinhas de pobres
E casas-solar.
Banhadas de verde,
Há séculos sem fim,
Miram o rio
Sem se cansarem ...

Saúdam o comboio,
Ao fundo...
Esperam quem vem
E tarda em chegar...

Ouvindo Moldau, de Smetana

Berlim, 27 de Dezembro de 2013
12h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes








quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

rio da vida...


Este rio da vida...

Rio caudaloso
Ou simples fio de água,
Nascida da fonte,
Deslizando do monte,

Tantas voltas
E quedas,
Se cai e levanta,
Se enche e despeja,
Quase vazio,
Morrendo de sede,
E volta a alargar,

Faz-se um mar de verdura,
Com sombras e praias,

Vai a montante,
Sempre correndo,
Nas águas profundas,
Gorgolhejando orações,
Nas águas à tona,
Expostas à luz...

Contando histórias lindas
Das águas passadas
Que ficaram para trás...

Bailando ao sol,
Refulgem-lhe cardumes de prata,
Que sobem e descem à solta,
Como pássaros, vadios,
Voando nos ares,

Se regala em repouso sadio,
Debaixo dos choupos
Que o resguardam do sol...

Se banha de leite,
Nas noites de Agosto,
Com a lua rainha,
Reinando no céu.

Às vezes, sofre e agoniza
De ataques piratas,
Carregados de mixórdias e pês,
Que lhes invadem as margens,
Quase as matam...

A força é tal...
Se libertam de novo,
Saltando ousadas,
Cataratas escarpadas,
Renascendo das cinzas,
Com os golpes de sol...

Se desdobram em abraços,
Prenhes de amor,
Às aldeias perdidas,
Regando-lhes os campos,
Verdes de milho
E arrozais em flor.

Alegre e feliz,
Cansado e perdido
De tanto andar,
Vai lançar-se,
De braços abertos,
Nas ondas do mar...

Ouvindo Grieg

Berlim, 27 de Dezembro de 2013
4h58m
Joaquim Luís Mendes Gomes


parti de caravela...

Parti de caravela...

Parti de caravela,
À procura dum mundo novo.
Onde o sol brilhe igual,
Ao pobre e rico,
Desde que honrado,
Crente ou não,
Novo ou velho,
Seja qual for a cor da pele...

Rumei ao largo.
Atlântico fora.
Ao sabor do vento.

De dia, um céu azul
E o sol a arder.

De noite, um céu estrelado,
Com luar de Agosto.

E eu à proa,
Olhando ao longe,
Sem rumo certo.

De repente, tudo mudou.
O mar irou.
Ameaças do vento
Me levaram para norte.
Rumo à costa,
Em ponto ignoto.
Meti-me num estreito,
Com terra à vista,
Dum lado e doutro.
Segui em frente,

Paquetes gigantes,
Catedrais ardentes,
Pareciam cidades.

Cargueiros vermelhos,
Montanhas de aço,
Pareciam formigas do mar,
De alto porte.

Montanhas escarpadas,
Longos fiordes.
Pintados de verde.

E, de novo, o mar...sem fim.
Cinzento e livre.
E, rumando ao sul,
Velas desfraldadas,
Por força do vento,
Onde iria eu?...

Fui dar a Hamburgo,
A um golfo tão largo,
Como se fosse um lago
E ali atraquei.

Pus os pés em terra
Lancei-me a caminho.
E sem o saber,
Vim dar a Berlim...
Sei que a caravela
Está à espera de mim,
Quando quiser voltar...

Berlim, 26 de Dezembro de 2013
22h14m
Joaquim Luís Mendes Gomes



os bandoleiros...

Os bandoleiros governamentais...

Fujam da minha frente...
Quero chegar a tempo.
Estão a destruir
Meus castelos de sonho
Que herdei dos meus pais...

Bandoleiros sem vergonha na cara,
Despejam desgraças.
Piores que as traças.

Não respeitam os fatos
E os vestidos,
Nos bragais de sonho,
Que ergueram este País,
À beira-mar...

Levo pistolas no meu cinto.
Uma bala para cada malfeitor...
Que o ponha vivo,
Ao chão!...

Venham daí comigo.
Vamos dar cabo deles...
Antes que eles dêem cabo de nós!...
São terroristas.
Descabelados.
Vêm das cavernas...
Uns javalis das ardenas...
Com penas de arcanjos!...

Usam gravata!...
Visitam o Papa!...
Beijam crianças...
Que devoram ao pequeno almoço!...

Uns FDP...
Vão para o inferno!...
Deixem-nos em paz!...

Ouvindo Albeniz- Astúrias

Berlim, 26 de Dezembro de 2013
14h36m

Joaquim Luís Mendes Gomes

depois do combate...


Depois do combate...

Vem a pior parte.
Enterrar os mortos.
Varrer os destroços.
Lavar o chão.

Reconstruir dos escombros.
Refazer sementeiras.
Sarar as feridas.
Abrir as escolas.
Agradecer a vitória...
A quem de direito.

O caminho é estreito.
Cada um pelo seu pé.
Primeiro o direito...
Subir e descer.
Sem desânimo no peito.
A vida renasce.
Volta a viver.
Há que crescer e florir
E colher
Do bom fruto.
Para semear e comer.

Há tempo para tudo.
Para amar e esquecer.
Um combate feliz
Que nos faça sonhar.

Vivamos unidos,
Em paz e amor...

Ouvindo Wagner- Prelúdio

Berlim, 26 de Dezembro de 2013
10h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

migalhinhas de Natal...


Migalhinhas de Natal

Andei perdido por esse mundo,
Sem sentido na minha vida.
Atravessei bosques.
Cidades repletas de gente,
De agitação e luzes.

Saltei montanhas,
Percorri os vales,
Onde a serenidade mora.

Sorvi do mar sua brisa,
Incessante e fresca.
Palmilhei carreiros cobertos
Ora de lama... ora de neve.

Sujei meu fato
Nana poeira das feiras de tudo.
Ouvi da música agreste e alienante
Que se vende em discos.

Dormi livre ao frio e ao relento.
Mesmo vestido.

Fartei-me a comer do bom e do melhor,
Sem ser em festa.
Dancei o tango.
E o corridinho solto.

Vi futebóis em gigantescos campos,
Roubados ao milho e vinho...

De tudo eu fiz,
Vazio e cada vez mais só.

Faltava-me o rumo
E um destino seguro e certo.

Faltava-me o sonho.

Eu era um morto-vivo a caminhar.
Sem luar nem sol.

Inesperadamente,
Me encontrei com a morte.
Ao virar da esquina.
Ameaçadora e sorridente...
Queria levar-me assim,
Tal qual eu estava...

Perguntei-me a mim:
- que andei eu a fazer,
No mundo, estes anos todos?...
Não servi para nada...
Nem a ninguém...
E, agora, que será de mim?

Ela, calma, sorriu e disse:
- Se quiseres, dou-te mais um pouco de vida.
Mas para viveres a sério
E aproveitares bem...

Tudo em mim tremeu.
Um clarão de sol se abriu...
Senti-me outro...
Uma vontade ingente
Me encheu de vontade de viver...
Ao ver a morte a ir-se embora...

E aqui estou,
Aproveitando cada migalhinha de tempo
Que Deus me der.
O Senhor do tempo...
Como se cada dia fosse Natal!...

Ouvindo Albinoni, Aranguês, à viola

Berlim, 25 de Dezembro de 2013
22h30
Joaquim Luís Mendes Gomes  

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

versos de Natal...

Versos de Natal...

Nesta noite há luar,
E muitas estrelas brilham no céu.
Todas voltadas para a nossa Terra,
Onde é noite Natal...

Chovam torrentes ,
De alegria e paz,
Por essas casas benditas,
De pobre e rico,
Onde há presépio aceso,
Pinheirinho de Natal.

Andam anjos correndo o mundo,
Cantando hinos
De louvor...

Nasceu o Deus Menino,
Lá na Terra, em Belém...
Para salvar a Humanidade!...

Aleluia! Aleluia!
Haja paz!...
Haja Amor!...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 25 de Dezembro de 2013
4h13m
Joaquim Luís Mendes Gomes


vocifero...e sobrevivo


Vocifero...mas vivo

Se esse for o preço de escrever...
Suportar os teus azedumes desconexos
E sem razão,
Desde que acordas até deitar...
Hoje e ontem...
E sempre assim...
Se tenho de aturar tuas mudanças de humor,
Do calor ao frio,
À mais ligeira brisa.

E se tenho de ouvir as mesmas lamúrias
Desde o começo do mundo,
Como se nada mais houvesse,
Se quatro filhos não representam nada,
Tudo apagado,
Noite cerrada.

Se não queres mais viver...
Eu quero e vivo...

Ouvindo Brendan Perry...Sol de inverno
Berlim, 24 de Dezembro de 2013
11h31m
Joaquim Luís Mendes Gomes

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

natal em Berlim


Natal em Berlim

Acabei de receber o sorriso do sol,
Neste amanhecer de Natal!...
Estava nimbado de cor,
Uma anilina entre o vermelho doce e o rosa...
Numa moldura azulínea de cobre.

Uma cortina de castanho esverdeado pálido,
Desta floresta gigantesca
De árvores semi-nuas.
Com rameiras sem penas,
Pela frieza do inverno.

Batem nas janelas em jorros de luz,
Chamando à vida
Quem lá dorme feliz...

Se bamboleiam as copas mais altas,
Sacudindo as folhas,
Das poeiras da madrugada.
Bebendo do sol,
O café da manhã...
E um corvo negro,
De bico comprido,
Poisou no topo dum lampião,
Preparado para a luta
De ter de viver,
Por si só,
Sem ajuda de ninguém...
Bateu as asssas,
Disse-me adeus.
Desejou bom natal
E foi...Feliz dia de Natal!

Ouvindo Raposódias de Rachmaninof

Berlim, 24 de Dezembro de 2013
8h46m
Joaquim Luís Mendes Gomes


desespero quase fatal...

Desespero...

Atiro-me ao mar...
Quero lá saber!...
Há-de haver um peixe ao pé
Que me venha salvar...

Mas fui livre, ao menos uma vez...
Arrisquei a vida.
E a vida não me fugiu.
Ainda fiquei mais preso a ela.
Cada minuto que passa.
Fica-me gravado, com fogo de luz,
Guardado cá dentro,
Como um tesouro dourado,
Que Deus me confiou...

Ouvindo ...

Berlim, 23 de Dezembro de 2013
23h14m

Joaquim Luís Mendes Gomes

comboio das boas-festas...

O comboio das Boas-Festas!...


Cada ano,
À mesma hora, apita ao longe.
Aí vem o comboio.
À moda antiga.
Trabalha a carvão.
Vem carregado.
Frente à minha casa,
No meio dum campo.
Faz luar, de lua cheia.

Venho à janela.
Ponho-me a vê-lo.

Muito comprido.

Na primeira,
Toda em damasco,
Candelabros acesos,
Mesas de mogno.
Ali vão meus avós e bisavós.
De barbas brancas,
Sorriso de estrelas.

Jarros de vinho.
Vão sorridentes,
Jogando as cartas.

Digo-lhes adeus e eles respondem...
Um bom Natal...
Até pró ano.

Em segunda, vão os meus pais
E a minha Irmã Delfina.
Todos corados.
Muito bem dispostos.
A jogar às copas
Num dominó...

Me deixam as prendas
Que dão para os netos...
Dizem-me adeus...
Até para o ano...

Depois, em terceira simples,
Os meus amigos todos.

Primeiro, os da escola...
Os do seminário.
Os da guerra santa,
Em cortejo feliz...
Vão libertos.
Deste mundo feroz.
Nenhuma desgraça
Lhes chega a eles...

Às baforadas,
Ali avança.
Sempre a a apitar
Em festa alegre.
--
Não tenhais medo...
Quando vier a vossa hora!...
Há sempre lugar
Nas carruagens!...
Viagem de sonho,
Sempre de graça!...

Berlim, 23 de Dezembro de 2013
15h34m

Joaquim Luís Mendes Gomes

sábado, 21 de dezembro de 2013

que vendaval...


E já ninguém reage!...

Que tremenda tempestade
Irrompeu nesta terra verde,
Ao pé do mar!...

Vivíamos tão felizes.
Tínhamos acabado de largar
As procelas da guerra,
No ultramar.

Tínhamos reconquistado a liberdade
De podermos ser felizes,
Lançar balões de cor,
Por esse céu sem fim,
Até ao sol.

Floriam os campos,
As serras davam neve e urzes.
O mar, peixe abundante
E algas, fertilizantes.

Os olivais e vinhas
Derramavam azeite e vinho
Do melhor quilate...

Era tanto, não cabiam no açafate...

As fábricas fumegavam,
Noite e dia.
Cada uma na sua arte.
E, com tanta mestria...até para exportar.

As mentes das gentes
Estavam a despertar depressa
Para grandes viagens,
Cultura dentro...
Nas escolas e no cine-teatro...

Enfim.

Um grande manto de fino linho
Cobria nosso Portugal,
Rubro e verde,
Cheio de oiro!...
De cima abaixo.

Eis que, num repente,
Nos demos conta
De que por baixo de nós,
Nas nossas costas,
Tinham lórado tudo!...
Estava tudo oco...

Um terrível abismo de corrupção
Corrompera nossos alicerces e os pilares...
Com a ajuda, de alta traição,
De quem nos governa a vida!...
Com nosso voto e escolha!...
Respaldados,
Como vis tiranos, opíparos,
Nas cadeiras mais altas
Do nosso poder político e alta finança!...

Um vendaval
De vergonha e desonra
Nos está a arrastar, mortal,
Para o precipício...

E já ninguém reage !?...

Ouvindo Brendan Perry
Berlim, 22 de Dezembro de 2013
8h22m
Joaquim Luís Mendes Gomes

farinha e farelo...


A farinha e o farelo...

 

A mó do moleiro,

Com a força do rio,

Ou do vento,

Transforma o grão em farinha.

 

A peneira da mãe,

Com rede mais fina,

À pancada das mãos,

Separa a farinha do joio...

 

A farinha dá pão.

O farelo que é grosso

Mistura-se com couves

E água do poço,

Dá alimento ao porco

E ainda dá prás galinhas.

 

O porco dá carne e chouriços.

Que chegam para o ano.

 

As galinhas dão ovos.

Dos ovos, os bolos

Ainda dá p’ra pintinhos

Que chegam a frangos,

O regalo dos pobres,

Que não chegam ao talho,

Com a miséria que ganham,

Por causa dum governo zarolho,

Só gosta dos ricos,

Ociosos..

Que só comem farinha

E carne da boa,

Em vez do farelo,

Com couves,

Como deviam...

 

Ouvindo Adèle

 

Berlim, 21 de Dezembro de 2013

21h25m

Joaquim Luís Mendes Gomes

custe o que custar...


 

Custe o que custar...

 

Hei-de lá chegar.

Mesmo que gaste todas as minhas forças...

Alguém me vai ajudar...

E eu vou chegar.

 

Sinto em mim

Uma força tal

Não sei donde ela vem...

Me faz caminhar em frente.

 

Um dia eu estarei lá...

Custe o que custar.

 

Nunca quis ser rei.

 

Só quis ser o que

Quem me criou e fez,

E espera de mim.

 

Aqui estou onde estou.

Como um grande letrado.

Que escreve direito e bem,

Como os melhores,

Dos melhores,

Pela Sua mão

Que se serve de mim...

Eu, apenas, Lhe digo sim...

 

Ouvindo Adèle...

 

Berlim, 21 de Dezembro de 2013

20h 48m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

meus sapatos novos...

Os meus sapatos novos...

Feitos por medida
E à mão.
Para o dia da minha comunhão.
Eram pretos.
Muito luzidios.
Quase serviam de espelho
À minha gravata preta.

Senti-me importante.
Como se fosse um homem.
Ao sair de casa,
Com a vela na mão.
E de camisa branca.

Quando cheguei à capela,
Já me ardiam os pés.
Habituados à liberdade
De andar descalços.
Com neve ou sol.
A caminho da escola
E da catequese.
Por campos e montes.

Nunca mais esqueço
Aquela procissão sem fim,
Da capela à igreja...
Pr’aí um km...
Meus pés a arder,
Pareciam de Cristo...

Quando cheguei a casa,
Libertei-me dos sapatos,
Coitadas das meias...
Que grandes bolhas!...
Quase a arrebentar.

Enchi um alguidar de água
E , com eles lá dentro,
Me senti no céu...

Apesar de tudo,
Prefiro as alpercatas...
Nunca me fizeram mal.

Berlim, 21 de Dezembro de 2013
15h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes



meu rosário breve...


O meu rosário breve...

 

Conto as horas dos dias,

Uma a uma,

Como continhas soltas

Deste rosário breve.

 

Passam-me pelos dedos,

Tão de mansinho,

Sem eu lhes dar a conta,

Como os raios de sol,

Pelas vidraças largas

De minha janela baça.

 

Só me restam as sombras,

De todas as horas mortas,

Ou das mais carregadas

Que a vida me deu...

 

Ao fechar das contas,

Faço as minhas contas.

Oxalá, me dêem certas,

Quando se acabarem as horas...

Que a vida me der.

 

Berlim, 21 de Dezembro de 2013

11h57m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

O meu rosário breve...

 

Conto as horas dos dias,

Uma a uma,

Como continhas soltas

Deste rosário breve.

 

Passam-me pelos dedos,

Tão de mansinho,

Sem eu lhes dar a conta,

Como os raios de sol,

Pelas vidraças largas

De minha janela baça.

 

Só me restam as sombras,

De todas as horas mortas,

Ou das mais carregadas

Que a vida me deu...

 

Ao fechar das contas,

Faço as minhas contas.

Oxalá, me dêem certas,

Quando se acabarem as horas...

Que a vida me der.

 

Berlim, 21 de Dezembro de 2013

11h57m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

minha Avó Emília...


Minha Avó Emília...

 

Enchi um açafatiunho

De cerejas vermelhas,

Salpicadas de gotas de orvalho

Duma manhã de Maio.

 

Fui levá-las, de prenda,

De minha casa a pé,

A minha Avó.

Presa a uma cadeira

Que prendia de andar...

Frente a um pinhal.

 

Ficou tão contente...

Me abraçou,

Banhada a chorar ...

 

Ainda hoje sei a doçura

Daquelas cerejas

E dos beijinhos doces

Que Ela me deu...

 

Ouvindo o tema de Amélie...

 

Berlim, 21 de Dezembro de 2013

9h32m

Joaquim Luís Mendes Gomes

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

o meu missal...

O meu missal...

Tenho dentro de mim,
Ao pé do coração,
Numa caixinha de cartão,
O meu primeiro livro de missa.

É preto, com um dourado,
Na capa e na lomba.
Custou-me 23 tostões,
Numa lojinha,
Ao pé da Santa,
Mártir Quitéria,
Segundo a lenda.

Foi por ele que entrei
No caminho de Deus,
Minha presença constante,
Ao longo da vida.

Bendita a hora
Em que subi ao monte,
Ao pé da ermida,
E vi ao longe
O caminho certo.

Tem orações da manhã,
Do meio-dia
E as da noite.
Ensinou-me a ajudar à missa.
Desde o “ introibo ad altare Dei”
Até ao “ ite, missa est...

Que encanto tinha o seu folhear...
Me elevava a Deus...omnipresente...
Que eu sentia em mim,
Como Pessoa real.
Lindo tesouro!
Meu companheiro...
Até final...

Berlim, 20 de dezembro de 2013
23h10m

Joaquim Luís Mendes Gomes

minha peneira...

Minha peneira...

Lembro-me de minha Mãe,
Peneirando a farinha de milho,
Antes de coser o pão.
Gostava daquele cerimonial.
Me parecia sagrado.

Tirava-a dum saco, ao lado,
Com uma tigela de barro,
Da masseira de pinho.

O forno ardia...ardia...
Vermelho,
Em labaredas de cisco.

Cada vez mais fina,
A montanha de farinha
Ia crescendo, sobre o fundo
Masseira.

Retirava dela umas mãos cheias.
Botava-lhe água do cântaro.
Fazia uma pasta,
Como uma patela redonda.
Cobria-a de sardinhas pequenas.

Punha-a sobre a patela de madeira
E aí ia ela,
Pelo forno dentro.

Um aroma a arder
De maresia,
Saía em baforadas.
E a boca saliva de espuma,
Com tanta fome de a devorar...
Muito melhor que pisas...
Sabiam a sal,
Como em frente ao mar.

Depois, vinha aquele rosário constante,
De voltas sem conta.
Ora de água, ora fermento,
E vira daqui...vira dali...
Até a masseira encher.
Duma pasta gigante.

Uma cruz sagrada,
E uma reza bendita,
Sobre aquela montanha,
Clamando a bênção
De quem dá o pão...

Daí a pouco,
Era a imolação.

Uma dezena de bolas
Daquela massa,
Entrava à vez,
Pelo inferno dentro...

Vinha a arte de fechar o forno...
Ainda me lembro daquela portiha,
Em pinho,
Já calcinada,
Com sua sorte malvada...

Acertava à justa.
Mas ainda era preciso,
Evitar a fuga de todo calor...
Era com “ bosta” de boi...
Ainda hoje, sinto e sei
Aquele cheirinho a erva...

E o regalo infinito
Daquelas broas gigantes,
Cobertas de ouro
Sabiam a mel...
E daquele brilho nos olhos
Da minha saudosa Mãe...

Berlim, 20 de Dezembro de 2013
17h9m
Joaquim Luís Mendes Gomes



mais uma vez da minha varanda...

Mais uma vez da minha varanda...

Depois do almoço.
Minha cadeira.
Meu cálice de uísque.
Meu cachimbo a fumegar.
À minha frente, um bloco,
Em propriedade horizontal.
É alto,
Um pouquinho s´
Acima das árvores.

Lá em cima,
Sobre a casa das máquinas.
Dois casais de corvos.

Independentes.
Não chateiam ninguém,
Tal como eles.

Se trocam beijinhos.
Um espaneja as asas.
Outro debica as pulgas.
 Lá bem no alto,
Mirando tudo.
Só eles existem.

Mal eles sabem
Que estes olhos humanos
Lhes espiam a vida.

E lhes cobiço a arte
De bem conviver...
Sem regateios.
Com toda a atenção.
Cada um no seu papel.

Até dos corvos...
Há que aprender!...
Como é fácil..
Saber viver.

Berlim, 20 de Dezembro de 2013
16h25m
Joaquim Luís Mendes Gomes