sábado, 21 de dezembro de 2013

que vendaval...


E já ninguém reage!...

Que tremenda tempestade
Irrompeu nesta terra verde,
Ao pé do mar!...

Vivíamos tão felizes.
Tínhamos acabado de largar
As procelas da guerra,
No ultramar.

Tínhamos reconquistado a liberdade
De podermos ser felizes,
Lançar balões de cor,
Por esse céu sem fim,
Até ao sol.

Floriam os campos,
As serras davam neve e urzes.
O mar, peixe abundante
E algas, fertilizantes.

Os olivais e vinhas
Derramavam azeite e vinho
Do melhor quilate...

Era tanto, não cabiam no açafate...

As fábricas fumegavam,
Noite e dia.
Cada uma na sua arte.
E, com tanta mestria...até para exportar.

As mentes das gentes
Estavam a despertar depressa
Para grandes viagens,
Cultura dentro...
Nas escolas e no cine-teatro...

Enfim.

Um grande manto de fino linho
Cobria nosso Portugal,
Rubro e verde,
Cheio de oiro!...
De cima abaixo.

Eis que, num repente,
Nos demos conta
De que por baixo de nós,
Nas nossas costas,
Tinham lórado tudo!...
Estava tudo oco...

Um terrível abismo de corrupção
Corrompera nossos alicerces e os pilares...
Com a ajuda, de alta traição,
De quem nos governa a vida!...
Com nosso voto e escolha!...
Respaldados,
Como vis tiranos, opíparos,
Nas cadeiras mais altas
Do nosso poder político e alta finança!...

Um vendaval
De vergonha e desonra
Nos está a arrastar, mortal,
Para o precipício...

E já ninguém reage !?...

Ouvindo Brendan Perry
Berlim, 22 de Dezembro de 2013
8h22m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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