segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

lua cheia...

Lua cheia...

Esta noite,
Dourada de prata
Vou dormir com a lua,
Da minha aldeia,
A seu convite.
Promessa nossa.

Tantos anos à minha espera.
Viu-me nascer.
Viu-me crescer,
Até ser homem
De seguir para a guerra.

Vai ser uma lua de mel,
Quente e vaporosa.
Com muito champanhe
E pão de ló,
Com fartura.

Vai ser uma festa grande.

Foi promessa que nos fizemos.
Com juramento de honra.

Acompanhou-me,
Sempre atenta,
Palmo a palmo,
Lá do alto,
No firmamento,
Cheio de estrelas,
Pelos caminhos barulhentos,
Emaranhados da Guiné.

Ora, de dia, atascado nas bolanhas,
Ora, tremente,
Entre os negrumes negros da floresta.

Fomos dois amantes apaixonados.
Sempre presentes,
Em cada instante.

Não houve dia,
Não houve noite.

Tanta promessas de amor...
Até à morte,
Oxalá distante,
Se a sorte bendita
Me deixasse
Voltar são e salvo,
À terra mãe da minha aldeia.
Vão cumprir-se...todas,
Na madrugada doce e quente
Desta noite...

Ouvindo guitarras portuguesas...

Berlim, 2 de Dezembro de 2013
21h44m

Joaquim Luís Mendes Gomes

Sem comentários: