Meu tio Tónio...
Era um homem de poucas falas.
Quando falava,
Era a sério.
E tudo certo.
Não perdia tempo
Em tagarelar de cor.
Sempre concentrado
No que suas mãos faziam.
O que saía delas
Era bem feito.
Tanto cavavam a horta,
Como davam pontos,
Com suvela em punho,
Um bom sapateiro...
Não havia outro.
Quando me via chegar,
Apesar de não ser do sangue,
Todo ele sorria,
Como se eu fosse filho...
Enquanto a tia Deolinda,
Sempre tão zelosa,
Me enchia de carinhos,
Já não me via há tanto...
Uma cozinheira artista,
Com seus tachos ao lume.
Sempre na sua faina...
Ainda dava horas fora...
Como bem os lembro.
Tenho saudades deles.
Meus tios da Pedreira,
Onde havia o primo Carlos...
Que habilidade ele tinha
Com tão ricas mãos,
Não lhe havia segredos
Que elas não desvendassem.
Duraram mais de nove dezenas de anos!...
Berlim, 19 de Dezembro de 2013
9h30m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário