segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

no tempo em que os animais falavam...


No tempo em que os animais falavam...

Havia discursos rectos,
com poucas palavras,
se dizia muito
e certo.

Depois de perderem o dom da fala,
O bicho-homem
Ficou com o monopólio
De dizer asneiras,
Quantas mais melhor...

Porque nas assembleias,
Deixaram de estar os animais...
Donos do senso.
Nada escapava...

Ao menor dislate,
Caíam-lhes em cima,
Sem dó nem piedade...

Agora, quanto mais asneiras ...
Mais intelectual...
É o bichano.

Mais alto sobe e manda,
Como se vê,
Na nossa assembleia de pardais...
Onde viceja a burrice esperta
Todo o ano...
Vão-se uns...
Logo aparece outro bando,
Com fome...de rato
E de roer os nossos bolsos,
Como formigas térmitas...
tudo devoram...
Que só gostam
só deixam o prato...

Ouvindo Wagner

Berlim, 30 de dezembro de 2013
20h51m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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