O comboio das Boas-Festas!...
Cada ano,
À mesma hora, apita ao longe.
Aí vem o comboio.
À moda antiga.
Trabalha a carvão.
Vem carregado.
Frente à minha casa,
No meio dum campo.
Faz luar, de lua cheia.
Venho à janela.
Ponho-me a vê-lo.
Muito comprido.
Na primeira,
Toda em damasco,
Candelabros acesos,
Mesas de mogno.
Ali vão meus avós e bisavós.
De barbas brancas,
Sorriso de estrelas.
Jarros de vinho.
Vão sorridentes,
Jogando as cartas.
Digo-lhes adeus e eles respondem...
Um bom Natal...
Até pró ano.
Em segunda, vão os meus pais
E a minha Irmã Delfina.
Todos corados.
Muito bem dispostos.
A jogar às copas
Num dominó...
Me deixam as prendas
Que dão para os netos...
Dizem-me adeus...
Até para o ano...
Depois, em terceira simples,
Os meus amigos todos.
Primeiro, os da escola...
Os do seminário.
Os da guerra santa,
Em cortejo feliz...
Vão libertos.
Deste mundo feroz.
Nenhuma desgraça
Lhes chega a eles...
Às baforadas,
Ali avança.
Sempre a a apitar
Em festa alegre.
--
Não tenhais medo...
Quando vier a vossa hora!...
Há sempre lugar
Nas carruagens!...
Viagem de sonho,
Sempre de graça!...
Berlim, 23 de Dezembro de 2013
15h34m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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