segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

rasgão na minha camisa branca...


O rasgão da minha camisa branca...

 

Sempre sonhei ter uma camisa branca,

Não de seda.

Em popelina fina.

 

Não queria laço.

Nem botões de punho.

Só uma gravata azul.

E tivesse um bolsinho à frente,

Onde coubesse uma flor.

Para levar a Nosso Senhor...

 

Ma deu minha madrinha,

Que Deus a tenha...

No dia grande,

Da minha comunhão solene.

Tinha dez anos.

 

Meus sapatos novos

Em couro preto

E sola,

Verdadeiros.

 

Feitos à mão,

De encomenda,

Pelas mãos tão habilidosas,

Do meu tio António.

Saí à pressa.

Com pressa de chegar à igreja.

 

Ao subir as escadas de pedra,

Tropecei...e contei-as todas,

De cima abaixo...

Fiquei na mesma.

Só minha camisa nova, não...

Tinha-me esquecido

Do meu casaco em casa...

 

Ouvindo Hélène Grimaud...

 

Berlim, 3 de Dezembro de 2013

8h42m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

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