O rasgão da minha camisa branca...
Sempre sonhei ter uma camisa branca,
Não de seda.
Em popelina fina.
Não queria laço.
Nem botões de punho.
Só uma gravata azul.
E tivesse um bolsinho à frente,
Onde coubesse uma flor.
Para levar a Nosso Senhor...
Ma deu minha madrinha,
Que Deus a tenha...
No dia grande,
Da minha comunhão solene.
Tinha dez anos.
Meus sapatos novos
Em couro preto
E sola,
Verdadeiros.
Feitos à mão,
De encomenda,
Pelas mãos tão habilidosas,
Do meu tio António.
Saí à pressa.
Com pressa de chegar à igreja.
Ao subir as escadas de pedra,
Tropecei...e contei-as todas,
De cima abaixo...
Fiquei na mesma.
Só minha camisa nova, não...
Tinha-me esquecido
Do meu casaco em casa...
Ouvindo Hélène Grimaud...
Berlim, 3 de Dezembro de 2013
8h42m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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