Rio Mondego
De gotinhas de orvalho,
Caídas dos céus,
Às pinguinhas,
Ao pé das estrelas,
Nasceu uma fontinha,
Debaixo das pedras.
Saíu uma biquinha,
Um fio de água.
Começou a correr.
Como um saltitão,
De pedra em pedra.
Saltou por ladeiras.
Rasgou por ravinas.
Cobriu-se de patas,
E como um lagarto,
Serpenteou por campinas.
Alargou por açudes,
Como um lago de cisnes.
Escondeu-se nas sombras.
Fez clareiras,
Cheias de areia.
Como praias a sério.
Deu de beber às manadas,
Cheias de sede.
Dançou com salgueiros.
Canaviais à porfia.
Chegou a Coimbra...
Verdadeiro doutor.
Entoou tão lindas baladas.
Encantou a cidade.
Numa feira de sonhos.
Garraiada em festa.
E seguiu adiante.
Por entre arrozais.
Por charcos de lama.
Semeou uma figueira,
Carregada de mel.
Vieram as gentes,
De todos os lados,
E uma cidade nasceu.
À beira do mar.
Deram-lhe o nome.
Figueira da Foz!...
Ouvindo Brendan Perry
Berlim, 15 de Dezembro de 2013
14h26m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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