quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

novelo de lã...


Novelo de lã...

A vida de cada um de nós
É um lindo novelo de lã,
De muitas cores...
Não lhe sabemos o comprimento.

Dá para fazer tantas coisas lindas.
Camisolas, meias e outras vestes,
Umas obras primas...
Que só as mãos das Mães
Sabem fazer com tanto amor.

Por vezes, razões infindas,
O novelo lá cai ao chão...
Ensarilha-se...
E, se aparece um gato travesso?...
É o fim do mundo!
Para o novelo e prás roupinhas.
Lá vai tudo ao charco...

Apesar de tudo, se for só sarilho,
Nunca será o fim...

Basta paciência
E, mãos teimosas,
Que não desistam.
Olhos acesos à melhor saída,
Nunca um beco.
Onde só há novelos...
Sem salvação.

Ouvindo Brendan Perry...Sol de Inverno

Berlim, 31 de Janeiro de 2014
6h48m
Joaquim Luís Mendes Gomes



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

viver em pleno...


Viver em pleno...mesmo com lobos

É tão curta a vida.
Nem um só momento
Deve ser desperdiçado.
A fazer bem o que aprendemos
E sabemos fazer.

Cada um tem um dom.
O dom de viver.
Logo ao nascer.
Temos cabeça pensante,
Tronco erguido
E membros,
Que sabem falar
E fazer
Numa linguagem precisa
O que brilha cá dentro.

Não haja angústias...
Basta tentar, insistir
E esperar pela hora.
Estejamos atentos.

Também é preciso ter sorte
Com o terreno onde se nasce,
Como a semente que se lança.
Há-os agrestes,
Com pedras,
Cheios de espinhos...

Há-os tão férteis,
Com água e com sol,
Onde a semente,
Que cai,
Rende um cento
Por uma...

Tudo está escrito
E inscrito,
No segredo dos deuses...
Arregacemos as mãos...
Estejamos atentos.

Ouvindo Hélène Grimaud, que vive com lobos...

Berlim, 30 de Janeiro- menos sete graus- de 2014
6h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes


fascínio da Terra...


O fascínio da Terra

Nem os quilómetros de mar,
Brincando esquecido às ondas,
Separam os continentes,
Longínquos.

De ambos os lados,
Vicejam florestas,
Correm os rios, à solta,
E há fontes eternas de água
Que jorram do seio da terra.

Brotam sementes,
De todos os tipos.
Florescem flores
Com cores diferentes.

Vestindo de belo,
Campos e vales
Com o fulgor
E a chama da vida.

Há punhados de aldeias,
Dispersas,
Com casas ridentes
E os olhos brilhantes
Mirando horizontes,
Onde habitam as estrelas perdidas.

Há perfumes sem cor
Que brotam incessantes
De vulcões que não se cansam
A arder.

 Há sonhos de rainhas e príncipes
Que nunca chegaram a reis.

Há braços abertos
À espera de abraços.
Há estilhaços de dor
De feridas abertas
Que a saudade deixou...
Tudo isto é que faz
O fascínio da Terra.

Ouvindo Casta Diva por Monsserrat Caballé

Berlim, 29 de Janeiro de 2014
Joaquim Luís Mendes Gomes

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

sorte de pássaro...


A sorte dum pássaro...


Numa gaiola cerrada.
Batendo as asas...
Esvoaçando às voltas...
Aturdido.
Contra arames farpados
E traves.
Sangrando.

Nasceu para voar.

Tinha toda a liberdade do mundo.
Com serras e mares.
Campos e vales.
Florestas e bosques.
Uma teia de rios.
Praias douradas
E sol a brilhar.

Tem génio nas mentes
Dum povo com lendas,
Gloriosas numa história.
De séculos!...

Eis que uns badamecos,
Piores que piratas,
Com falsas promessas,
altas traições...
O amarraram de laços.

Vendaram-lhe os olhos.
Quase cegaram...
Com fumo e poeira
Fabricados lá fora,
Roubaram-lhe tudo.

O passado...
O sonho
E a esperança...

E todos ufanos,
Brindando pimpões...

O condenaram à morte,
Nesta gaiola cerrada...
Sem ninguém que o salve!

Berlim, 29 de Janeiro de 2014
7h31m
Joaquim Luís Mendes Gomes



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

atirei-me ao mar...


Deitei-me ao mar ...de olhos fechados


Andava perdido na areia da praias,
Olhos para o chão,
Alheio ao infinito do céu
E azul do mar.

 Sentia perfumes de sonho,
sem perceber donde vinham.
Se vinham da serra
Ou do mar...
Inebriavam-me tanto
Quase dormia de encanto.
Sem nada fazer.
 Caminhava....caminhava...
Calado...fechado em mim,
Sem cuidar no tempo e na vida que corre,
O presente passou
Só resta o futuro.
O passado morreu.

De repente, um clarão me assombrou...
Aturdido, desatei a correr
Voltado para o mar...
Uma onda gigante
Pegou-me ao colo,
E levou-me tão longe,
Para uma ilha de encanto,
Onde fiquei encantado,
Morando, sorvendo o resto dos dias
Que a vida de sol
Me ainda vai dar.

Olhos no azul do céu...
Os pés bem firmes no chão.

Ouvindo André Rieu e Padre Abrahan

Berlin, 28 de Janeiro de 2014
7h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes


do nosso filho...

Mais uma maravilha sem contar...

Abri a caixa do correio. Um postal ilustrado.Nú. Uma fotografia de Einstein vestido de traje habitual. Umas calças de cotim, sem vinco. Uma pobre camisola desbotada, por cima duma camisa com os primeiros botões do pescoço, desabotoados. O mesmo rosto refilão e bigode retorcido. O olhar fundo e arguto iluminado que toda a gente lhe reconhece. O cabelo fino e grisalho desalinhado. De pé, como quem se deixa fotografar.
Por trás, em letras miudinhas a ocupar toda a página, vinha a mensagem do nosso Luís, recém admitido na Rols-Royce de Berlin, como engenheiro investigador.

Só nós o sabíamos, porque lhe conhecemos bem a letra e o seu discurso simpes, claro e surpreendente. Remetente não tinha e destinatário, apareciam ao fundo num recanto inclinado, que ele mesmo traçou, apenas com o nome de "padre e madre" seguido da rua e nº de porta. Mais nada.

O carteiro levou um vinte na pauta, por não poder dar-lhe mais. A sua astúcia e profissionalismo mereceram-no. Para além da bruta gargalhada que lhe rebentou, muito provavelmente, ao lidar com o fenómeno...

Mafra, 7 de Março de 2011, 11h32m
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Manuel Lopes, Luis Martins, Maria Jose Marques e 9 outras pessoas gostam disto.




Joaquim Luís Mendes Gomes partilhou uma ligação.

domingo, 26 de janeiro de 2014

os escaparates...


Os escaparates daquela praça redonda...

Passei anos a fio a contornar aquela praça redonda,
Ao meio, um craveiro de flores,
Por baixo, passa o canal,
Enquanto carros e pessoas,
Giram à volta...
Lá iam e ‘inda vão,
Nas suas vidas.

Havia vitrinas.
Havia esplanadas com cadeiras.
Havia esquinas de bancos,
Sempre à fartura,
Havia montras cheias
De sapatos e carteiras de senhora.

E uma ladeira que subia,
Onde cheirava a ovos moles.
Nas paredes, bem coladas,
Havia janelas, falsas,
Que não davam para dentro.
Só para fora...

Mesmo ao nível dos olhos
De quem passava.

Quem quisesse evitá-las,
Podia.
Bastava não descer o carreiro estreito,
Que voltava a subir,
Ao pé doutra montra de revistas...

Era conforme a disposição.
Mais alegre e optimista.
Mais soturna ou enevoada.
Ou saudosista...

Era a vitrina onde apareciam
Rostos de caras tão bem conhecidas,
Que a lei da vida dissipara...

- Olha o doutor!...Era tão novo!...
Um pouco vaidoso e convencido...
Lá bem no fundo... boa pessoa...
Deus o tenha em bom lugar!...

- Olha aquela! Passava a vida a cirandar,
Avenida abaixo...avenida acima...
Tão bem arranjada!...Era fidalga!...
Era dona duma grande salina!...
Descanse em paz!...

-
-olha este! O governador civil!...
Como governava tão bem!...
Não fazia mal a uma mosca...
Desde que não picasse...
Muita paz à sua alma...
Se ele a tinha!...

E, eu, cá ia indo na minha rotina.
Dia a dia, até ao fim.
Qualquer dia, está ali a minha!...
- Só vos peço:
Rezem por mim.
Ao menos, uma Avé-Maria!...

Ouvindo Gounod

Berlim, 27 de Janeiro de 2014
8h30m
Joaquim Luís Mendes Gomes

sábado, 25 de janeiro de 2014

tropeçando...


Tropeçando...me reergo e caminho...

Nascemos para caminhar.
Num rumo tecido de passadas
Que o tempo vai tecendo,
Como um fio,
Em tal silêncio,
Que a vida até parece eternidade.
Que é só a nossa única razão de ser...
E a gente se convence
De que é caminhando....
Caminhando...
Que se vive.

Sobe e desce.
Árduo e espinhoso,
Tantas vezes.
Outras, suave e lindo,
Com paisagens de verde,
E sol brilhando.

Vem a tristeza,
E,logo, se desvanece,
Basta um sorriso,
De criança ou dum velhinho.
O cair duma folha
Que a simples brisa desprendeu
E caíu à minha frente.
Uma prenda singela
Que o carteiro nos trouxe,
Duma amizade velha,
Mas tão ausente.

Uma queda inesperada
Que se dá e esmurra os joelhos
E alguém que vai a passar
E nos ajuda...

E o sonho lindo de viver
Que se reacende,
Quando tudo parecia terminar...

Ouvindo Chopin

Berlim, 26 de Janeiro de 2014
7h37m
Joaquim Luís Mendes Gomes


lei dos contrastes...


A lei dos contrastes...

Berlim...menos nove com sol a brilhar...

Acabei de almoçar,
Num restaurante croata.
Fidalgo e sóbrio,
Moderado na conta.

Comi um shaschilk...
Com pommes frites..
Minha mulher um schnitzel,
Com puré,
À moda de Viena.

Bebemos dois tragos de vinho croata.
Um branco e um tinto.
A seguir, um café com natas de leite.
E um brinde de chocolate,
A enfeitar...
Pagamos o mesmo
Que num restaurante de Mafra.

Viemos para o carro.
Onde esperava meu cão...
A menos nove!...
Bem agasalhado,
Tremendo de gelo.

Aquecemos o carro,
A 25 graus...
E fomos ao bar dos motocas,
Sexagenário de gente a viver em pleno...
( no meu País...uns asilados...
À espera da morte!...)
Beber dois canecos de vinho
A ferver,
Envolvido em rhum!...
Subimos ao céu...
E viemos para casa.
Oásis dourado,
De sol a reinar...
Assim se vive em Berlim!...

Berlim, 25 de Janeiro de 2014
14h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

peguei em mim...


Peguei em mim...

Tal como estou,
Desalinhado e triste,
Não me importo com nada.
Se chove.
Se neva.
Se faz dia de sol brilhante.

Tal como vim ao mundo,
Choro.
Impotente.
Para mudar seja o que for.

Desfaleci...
Perante esta névoa
De negrume que paira no mundo,

O homem, na sua voragem,
Convenceu-se que é dono e senhor,
Perdeu seu rumo,
Está a dar cabo de tudo...

Que belo que seria este mundo,
Se reinasse o amor!...

Ouvindo Lang Lang

Berlim, 25 de Janeiro de 2014

Joaquim Luís Mendes Gomes
.

irmandade dos corvos...


Irmandade dos corvos...

Da minha varanda,
Presenceio a vida dos corvos.
Duas famílias.
Com uns quatro elementos. Cada.

Vivem no plano mais alto
da casa das máquinas.
Em cima dum prédio.

Dali saem a horas,
Cada um para seu lado,
Pelas manhãs.

Com porte altivo,
Voam em raides.
Pouco depois,
Trazem nos bicos,
Pedaços do chão.
Que prestam para eles.

Poisam onde querem.
Na cista das árvores,
Em cima dos postes.
Aos pic-nics.

Ali está um.
Um grande naco
Igual à cabeça.
Poisou-o no poste.
Mirou em redor.
Vibrou-lhe dois golpes
Partiu-o em dois.
Pegou no primeiro,
Abanou a cabeça,
Ficou consolado.

Aparece um amigo.
Um candidato, sem esforço...
Não sei o que ouviu
Desatou a subir.

E o outro sorriu:
- À minha custa....
isso é que não!...

Berlim, 24 de Janeiro de 2014
9h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

todas as cartas devolvidas...


As minhas cartas devolvidas...

Tenho na minha estante um volume grosso,
Com todas as cartas que escrevi
E vieram de volta,
Com falta de selo...

Percorrem toda a minha vida...
São dezenas de anos ali descritas.

Pus-me a lê-las, uma a uma.
E revivi todo o meu passado.
No fundo, semelhante
Ao de cada um de nós.

A primeira, a mais velhinha,
Foi endereçada a todos os
Que me viram nascer.

A senhora Maria “milagra”...
Era assim conhecida.
Com uns sessenta anos,
Rosto enrugado,
Pelos doze filhos que tinha criado,
A pão e caldo,
E se entregava,
De alma e coração,
A assistir
Todos os nascimentos,
Que aconteciam pela freguesia...

Foi ela,
A quem, depois, eu chamava avó,
Primeiro,
Me desligou da Mãe...
Para viver por mim...
E ,cuidadosamente,
Me lavou todinho,
Na água morninha,
Dum alguidar de barro,
Enquanto eu lagia...lagia...
De cansaço e susto.

Me depositou nos braços ternos
Da minha Mãe...
Só me calei com a primeira mamada!...
e fiquei a dormir...como um anjinho.

Ouvindo Smetana

Berlim, 24 de Janeiro de 2014
6h58m
Joaquim Luís Mendes Gomes

fogueteiro de paz...

Fogueteiro da paz...

Encho meus cartuchos
Com versos
De letras de todas cores.
Umas vermelhas, outras azuis...
Preto e cinzento.

Chego-lhes o fogo
E lanço-os ao vento...
Silenciosamente,
Sobem no céu.

Estrelejam...e brilham
Como estrelas cadentes.

Desaparecem na noite
E fico absorto...
Olhando o escuro,
Com fome de luz.

Esperando que os olhos mais tristes,
‘Inda que,
Por breves momentos,
Se consolem de paz...

Ouvindo Bach

Berlim, 23 de Janeiro de 2014
20h00m

Joaquim Luís Mendes Gomes

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

torrada de pão com manteiga...


Torrada, de pão com manteiga...

Quem o quisesse derrubar,
Bastava  pôr-lhe à frente,
Uma torradinha,
Bem quente,
Um galão a tender para o escuro,
A seguir um pastel de nata,
Também crestadinho,
Numa mesa de café,
Ali no centro da vila.

O resto ficava por sua conta.
A mesa redonda,
À volta enchia de amigos,
Contentes.

Suas histórias,
Sempre vivas,
Tinham graça,
E interesse.

As horas, ridentes,
Corriam frementes,
E o almoço chegava.
Até ao outro dia.

Ia para casa
E de tarde,
Escrevia...escrevia...
Era poeta...
De sonhos.
Ainda sonhava com o céu
E a brisa do mar...

Era um homem feliz!...
‘Inda o é, graças a Deus!...

Ouvindo Grieg

Berlim, 23 de Janeiro de 2014
7h39
Joaquim Luís Mendes Gomes








segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

criação da Terra...


Criação da Terra...

Houve um Ser,
Ninguém sabe
Quando e como
Nem o porquê.

Se lembrou de dar ser
À Terra.
Uma arca gigante,
Navegando à solta!

Como dossel,
Um universo infinito.
Cravejado de estrelas,
Muitas galáxias.
Girando em órbita,
Com rigor matemático.

Acendeu-lhe um sol,
Ardendo em fogo,
Para a aquecer, de dia.
E uma lua fria e brilhante,
Para lhe iluminar a noite.

E compô-la, assim:
A maior parte em água,
Para espelhar d’azul
E outra, de matéria bem viva,
Mas parecendo bem morta.

Vestiu-a de vento,
E pô-la no céu,
Como ave a voar.

Encheu-a de plantas,
De caules gigantes,
Bem presos ao chão,
Para não caírem.

Cobriu-as de folhas,
Para respirarem o ar.

E deu-lhes raízes
E deu-lhes flores
E também os frutos,
Para serem perenes,
E, também, iguais.

Criou animais,
De todos os tamanhos,
Em escala infinita.
Em várias ordens.
Uns invisíveis,
Outros,
Elefantes.
Baleias.
Muitos menores.

Denominador comum:

Um sopro de vida oculta,
Com força inscrita.
Capaz de criar,
Sentir e sofrer.
Na terra e no mar.

E, para culminar sua ideia,
De artista,
Sem par,
Uma obra-prima:

Com dois bocadinhos de barro,
Tirados da terra,
À sua imagem,
Modelou-lhes as formas,
Soprou-lhes a vida,
Com força imortal,
Homem-Mulher...
Fê-los
Donos daTerra,
Capazes de amar.

Ouvindo Chopin

Berlim, 21 de Janeiro de 2014
7h45m
Joaquim Luís Mendes Gomes



hoje, não irei à praça...


Hoje...não irei à praça...

Muito menos ao hipermercado.
Não porque não goste.

Vou, antes, subir ao monte.

É madrugada.

Há luar. A lua reina.
E algo me afirma
Que o sol irá nascer sorrindo,
Um balão a arder
Que irá aquecer
Este gelo que me queima
E fará arder de novo a chama
De viver vivo
E não um nado-morto,
Com forma humana,
Mas vegetal...

Vou lá acima.
Sorver ar puro.
Estou faminto.
Respiro mal
Nestes fundos.
Há tanto tempo,
Não neva
...não chove
Minha casa fica tão longe
,
Não há rios...
E o mar tão longe....
‘Inda continuará azul,
Bailando ao vento?...

Ouvindo Grieg
Berlim, 20 de Janeiro de 2014
9h53m
Joaquim Luís Mendes Gomes

domingo, 19 de janeiro de 2014

com porte pago...


Com porte pago...

Pega na caneta e escreve.
Esta carta que vou ditar.
Com aviso de recepção.

Manda a cada um dos teus amigos.
O porte está pago.

Conheço-os muito bem.
Desde a hora em que os criei.
Filhos meus.
Não os quero abandonar.
Sei onde eles moram.
E como estão.
Uns estão alegres.
Outros tristes.
Uns aflitos...
A vida dói...
Que não se aflijam...

Eu estou com eles.
Sei bem o que cada um tem
E do que precisam.
Confiem em mim.
Como eu neles...

A vida só tem um sentido.
O que vem para minha casa.
Que também é sua.

Podem ser pesados
Os dias que nascem.
O sol não vai faltar.
A colheita está garantida.
Basta colher...
Confiem nem mim,
Como seu Pai.

Conheço cada um
Pelo seu nome.
Quero-lhes bem,
Como se fosse o único.

Deixem comigo
Seus problemas.
Por maiores que sejam.
Confiem no Pai...
Basta-lhes bater à minha porta...
Eu estou atento.

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 19 de Janeiro de 2014

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

por magia...

Por magia...ou arte do Supremo...
O que seja...

Vão meus versos, mundo fora,
Despertar o mundo inteiro,
Nenhuma porta se lhes cerre.
Se sentem lado a lado.
Com uma mensagem de harmonia.
Um abraço de fraternidade,
Seja aquela faulhinha ténue,
Que reacenda a chama
E a vontade de viver.

Desperte, novamente,
O desejo de ver
O nascer do sol,
Sair para o campo,
Cheirar o feno
A secar ao sol
Para alimento no inverno...

Abrir sorrisos no olhar,
A vontade de ajudar
Quem precise de se erguer.

Funda o gelo
Que estreme e arrepia
O peito onde bate o coração,
Com desejo de amar...

Semeiem flores,
Nas bordas dos caminhos,
Por onde os passos
Tenham de passar,
No desafio de viver...

Ouvindo Grieg e Smetana
Berlim, 18 de Janeiro de 2014
8h5m
Joaquim Luís Mendes Gomes





quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

se...


Se, para sempre, o sol se apagasse...

Vivemos todos ,
Pobres, ricos,
Velhos, novos,
Brancos, negros
Ou amarelos,
No extremo leste
Ou ocidente,
Dependurados,
A voar,
Presos à cordinha fina,
Dum simples balão!...

Um simples esticão,
Rebenta o fio
E uma picadela de alfinete,
E aí vem ele,
Com a multidão,

Ó que ilusão!...
Que se suponha tão firme...

Ar abaixo
E se desfaz em pó
E nada!...

E se aquela bola redonda,
Flamejante,
No céu.

Que cada dia,
Se levanta cedo
E à mesma hora,
Para nos servir o pequeno almoço,
E nos alumia o caminho
De ir para o trabalho,
Buscar o pão
Do dia a dia...

Resolvesse,
Por simples birra,
Um mês de férias...
Cerrasse as portas
Ou fechasse de vez!?...

Qual Obama,
Ou Dalai Lama,
Ou excelso Hirohito...
E essas majestades todas,
Impertigadas,
Que infestam a Terra
De tanto poder
E tanta glória...

Nem uma faúlha acenderiam
Para repor a vida sua
E a que, de graça, nos anima
A todos!?...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 17 de Janeiro de 2014
7h20m
Joaquim Luís Mendes Gomes



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

até apeteceria...

Até apeteceria...

Viver é complicado...
A via é sinuosa.
Tanto sobe como se afunda.
Por vezes, é tão estreita.
Como fio de navalha,
Com barrancos de cada lado.

Se não fosse a luz do sol...
Que vem e vai.
Farol do céu,
Durante o dia.

E um mar de estrelas,
Cravejadas como pedras,
Luzindo preciosas,
Nas noites escuras.

Se não fosse a força do sonho,
Que sempre renasce
Até das cinzas,
E incendeia as nossas vidas.

E as prendas de natal,
Nos Dezembros findos,
De cada ano,
Embrulhadas de mil beijos,
Haja muito... haja pouco...
Até apeteceria dizer:
Basta! Assim...viver não!...

Ouvindo Grieg
Berlim, 16 de Janeiro de 2014
7h23m
Joaquim Luís Mendes Gomes


até apeteceria...

Até apeteceria...

Viver é complicado...
A via é sinuosa.
Tanto sobe como se afunda.
Por vezes, é tão estreita.
Como fio de navalha,
Com barrancos de cada lado.

Se não fosse a luz do sol...
Que vem e vai.
Farol do céu,
Durante o dia.

E um mar de estrelas,
Cravejadas como pedras,
Luzindo preciosas,
Nas noites escuras.

Se não fosse a força do sonho,
Que sempre renasce
Até das cinzas,
E incendeia as nossas vidas.

E as prendas de natal,
Nos Dezembros findos,
De cada ano,
Embrulhadas de mil beijos,
Haja muito... haja pouco...
Até apeteceria dizer:
Basta! Assim...viver não!...

Ouvindo Grieg
Berlim, 16 de Janeiro de 2014
7h23m
Joaquim Luís Mendes Gomes


paradoxo dos grandes grupos...


Paradoxo dos grandes grupos...

Este mundo
É um mundo de paradoxos.
Em grandes grupos.

Uns vivem na Índia.
Outros na China.
Uns de carro,
Enchem as estradas.
Outros de avião,
Rompendo as nuvens.

Outros nos mares,
Em paquetes a arder.

Uns a rir...
Outros chorando.

Palácios de luz
E casebres de choça.

Grandes banquetes,
De comer à bruta...
Filas de pobres,
Marmitas nas mãos.

Uns que sonham
E os que desesperam.

Uns ufanos...
Outros de crista murcha,
Chorando os tempos idos
Das vacas gordas...

E os ricos
Que nada fizeram,
Senão nascerem ricos.
E os mafarricos
Que gozam à farta!...

Mas todos navegam
No mesmo rio...
E, queiram ou não,
Todos vão dar
Ao mesmo porto!...

Berlim, 15 de Janeiro de 2014
13h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

acabei de chegar...

Acabei de chegar...

Duma viagem turbulenta
Dum mar de tormentas,
Num mar de desgraças.

Caravelas de sonhos,
De velas altaneiras,
Esfarrapadas pelo vento.
Perdidas à deriva,
Pelo mar encapelado.

Castelos de granito,
Encastelados sobro o tempo,
Com ameias de glória,
Carcomidas pela erosão,
Do abandono a que os botaram,
Quem agarrou rédeas da nação.

Já não juntas de socorros.
Para os náufragos deste País.
As valetas estão repletas.
E as carretas sempre a chegar.

Com os golpes das baionetas,
Daqueles magarefes mixordeiros
Que enxameiam
Os ministérios,
E as cadeiras beneditinas,
Repletas só de vespas...
Entram esfaimadas,
Tudo devoram que nem bestas...

E , lá adiante, ao pé do Tejo,
Num palácio nobre
De realeza,
Dorme o soba a sono solto...

Ouvindo música de Viena

Berlim, 9 de Janeiro de 2014
10h17m
Joaquim Luís Mendes Gomes


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

varanda dos equívocos...

Varanda dos equívocos...

Minha varanda,
É profunda,
Tem a largura do apartamento
E é virada ao polo norte.

Nela me amesento.
Depois do almoço.
Uma cadeira acolchoada,
O meu cachimbo
E um cálice de uísque.

Cubro os joelhos com uma manta.
E o vento de gelo,
Que me serve de frigorífico,
Brinda meu rosto,
Com lufadas de ar fresco.

À minha frente,
Incessante, de manhã
À noite,
Passa um cortejo.
De carros e autocarros.

Meu pensamento voa
Como o fumo branco
Do meu cachimbo.

Através das árvores nuas,
Outro cortejo passava,
Em marcha lenta.

Era o cortejo translúcido
Dos meus equívocos.

Deus, na sua sabedoria infinita,
Criou o homem e a mulher.
Como seres diferentes.
E não clones.

Destinados a serem um só,
Em complemento.
Cada um com sua forma...

Forçá-los a serem iguais
Dá asneira certa,
Como dois mais dois
São quatro.

 Nem o homem, por mais que queira,
Pode ser mulher,
Nem a mulher pode fazer de homem.

Se o impõem...é a desgraça.
Cai o carmo e a trindade...
Não há bruxo nem curandeiro
Que do branco
Faça preto...

É preciso respeitar e aceitar a natureza,
Para que acabem de vez todos os equívocos!

Foi a lição brilhante da minha varanda...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 8 de Janeiro de 2014
14h35m
Joaquim Luís Mendes Gomes




vale de trevas...


Vale das trevas...

Nem que vá sozinho,
pela escuridão da madrugada,
Preciso de subir lá acima.
Sinto fome de luz
e da amplidão do céu.

Estou cansado e perdido
No emaranhado de caminhos,
Tenebrosos, cá do vale.

É carregado o nevoeiro.
Nem os malmequeres silvestres
Ou o fulgor dócil
Dos girassóis me adoçam o amargor
Destes meus olhos.

Parece morto este ar sem ventania.
Toda a chuva que cai do céu,
Escorre encosta abaixo,
Vem cá dar como a uma valeta.

Os dias acesos parecem noite
E minha alma quase fenece asfixiada.

Vou subir...subir...
Montanha fora,
Até que as forças me desfaleçam.

Mas ficarei em paz
E radiante,
Quando vir nascer o sol,
Muito ao longe,
No horizonte...

Ouvindo Grieg

Berlim, 8 de Janeiro de 2014
6h55m
Joaquim Luís Mendes Gomes



terça-feira, 7 de janeiro de 2014

clamor supremo...

Clamor supremo...


A quem diriges tu, Cohen, essa voz profunda,
Num hino tão lindo de louvor?...

Tanta beleza...tanto calor humano...
Em acordes timbrados de vozes
D’homem e de mulheres.


Uma simbiose feliz.
Que aquece os corações gelados.
Implorando bênçãos
Dum céu cravejado de luz e estrelas.

Bendita hora em criastes
Este hino,
Que me faz rejubilar...
Nesta noite escura
Que me envolve
E cobre de tristeza...


Halleluia!...contigo e essa voz trovão.
Com laivos de sol
E brilho de lua...
Haleluia!...Halleluia! Bendito Cohen
E quem te acompanha ...

Ouvindo Leonardo Cohen...

Berlim, 7 de Janeiro de 2014
11h36m

Joaquim Luís Mendes Gomes 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

combustão dos sexos...


Tonitruante combustão dos sexos...

Nem a gigantesca força da trovoada,
Que tão depressa se acaba.

Nem o fulgor dum vulcão
Dormente há séculos,
Que de repente irrompe em lava.

Nem a tremenda energia atómica
Que desfaz em pó
Uma montanha de aço.

Nem o carvão em chama
Que leva o expresso
Dum extremo ao outro.

Nem o furor do mar
Que tão depressa
Fica tão manso.

Nem a caldeira em chama
Que arrasta um transatlântico
Por esse oceano fora.

Nem o sol que tudo abrasa
Derramando luz
E desfazendo as trevas.

Nada tem a força que prende,
Em fusão total,
Dois corpos em chama
Que o amor uniu,
Para todo o sempre!...

Berlim, 5 de Janeiro de 2014
20h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes

domingo, 5 de janeiro de 2014

as desilusões do tempo...


A desilusão do tempo...

É inexorável esta marcha acelerada
Que os dias somam...
Como enxurrada, nela vamos...

Indefesos e folhinhas secas.
Umas restam nas margens.
Outras seguem e seguem deabulando,
Ao sabor da corrente.
Indefinidamente.
Ninguém repara nelas.

Ficam travadas numa simples represa.
Podem ser recolhidas
Para adubo do campo.

Não importa o corte
Ou tamanho delas.
Sua cor, mais ou menos bela.
Se deu sombra,
Se deu adorno.
Serviu.....só...
Enquanto serviu.
Como folha de embrulho,
Sofisticada ou não,
Que se rasgou e foi para o lixo
Depois de chegar a prenda...

Não estranhemos.
O tempo é sol e mar
Que tudo desfaz,
Em pó ou espuma
Que o vento leva...
E entrega à origem,
Turbilhão da vida.
Tanto faz!...

Sejamos só folhas
Enquanto capazes formos
De nos prender ao caule.

Ouvindo Brendan Perry...
Joaquim Luís Mendes Gomes


anjo da madrugada...


O anjo da madrugada...

Qualquer jardineiro,
Quando planta uma árvore de fruto
Ou uma floreira,
Põe ao lado uma estaca firme
Para sustentar seu crescimento.

A planta cresce.
Engrossa o caule.
Resiste ao vento
E floresce.

Fez o mesmo quem nos criou.
A cada um destacou um ser
Para nos acompanhar,
Pela vida fora.
E pede-lhe contas...

Ao longo da vida,
Foram tantos os escolhos,
Onde não caímos..
Sem saber porquê.

Quando a solidão vem,
Falo com ele.
E o reconforto vem.
É tão real,
Como a minha sombra,
Quando caminho ao sol.

Se vem a insónia,
Pela madrugada,
Sem chat ou facebook,
Ligo para ele
E a resposta certa,
Chega na hora.
Clara e justa.
Ninguém tem razão
Para se sentir sozinho.

É tão real como
Respirar o ar...
Basta crer e confiar.

Berlim, 5 de Janeiro de 2014
21h37m
Joaquim Luís Mendes Gomes


sábado, 4 de janeiro de 2014

não sigo ao acaso...


Não sigo ao acaso...

Tenho em mim uma força
Inata,
Com raízes no indefinido
Que me guia em cada passo.
Mas respeitando o meu querer.

Não sou um adestrado,
Que uma corda puxa.

Procuro ser apenas recto
 E fiel
A essa luz que me alumia.

E, com tropeços,
Alguns enganos, avanço.
Vou subindo a encosta.

Lá de cima, vejo e sinto.
Tem sido certo o meu caminho.

Isso me conforta e me confirma.
Não é preciso ver
Para crer.
A verdade existe e nunca a vi...

Singapura é uma cidade,
Nas longínquas terras orientais...
Extremamente moderna
E cheia de verde!
E nunca lá estive...

Pelas pégadas frescas
Que deixaram à minha frente
E eu não vi,
Vejo e sei
Que alguém passou
E era gente...

Por isso vou seguro e firme.
Hei-de chegar
A um porto seguro.
Porque assim vivi.

Ouvindo música vária e linda...
Berlim, 5 de Janeiro de 2014
8h34m
Joaquim Luís Mendes Gomes








sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Portugal anémico...

Portugal anémico...

Era rubra e verde a Bandeira Nacional.
Com tantos castelos conquistados
a ferro e fogo,
Dos nossos avós.
Está exangue.

Tinha a glória da esfera armilar.
Que galvanizava o povo inteiro.
E envolvia todo o mundo.

Irradiava força e muito orgulho.
Cobria de esperança este País.
Por elas se sacrificaram muitas vidas,
Na flor da idade!...
Ao pé de nós...

Bastou uma geração de apátridas,
Uma praga feroz
De ervas daninhas,
Pior que sapos.

Sugou-lhe o sangue...
Reduziu-a cinzas..

A cobriu de vergonha
E a rasgou em trapos...

E não há fogo...
Não há pó...
Não há pólvora
Que a extermine!?...

Berlim, 3 de Janeiro de 2014
23h7m
Joaquim Luís Mendes Gomes



como árvore seca...


Como uma árvore seca...

Às vezes penso
Que seria melhor não pensar...

Nascer da terra,
Ficar preso ao chão,

Crescer e abrir os ramos,
Com folhas ao vento.
Indiferente às ventanias
E ao arder do sol.

Dar meus frutos.
Tudo de graça.
A quem os colher.
Ou cair para o chão.

Queria ser vertical,
Rumo ao infinito.
Sorver do ar,
A respiração.

E que meu oxigénio,
Como um relógio certo,
Fizesse pulsar
O coração das gentes,
Fazê-las sentir
Que precisam de mim
Como eu deles
E são meus irmãos.

Queria morrer só...de pé.
Como uma árvore seca.

Berlim, 3 de Janeiro de 2014
Joaquim Luís Mendes Gomes


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

amplexo solar...



Amplexo...solar

Não preciso de mantas de lã da serra
nem de lençóis de linho.

Nem de camas de mogno
ou colchões de penas.

Preciso só do teu abraço nu,
Na fortaleza estreme dos meus braços...

O resto é com o sol...de Agosto
Que traz em brasa meu coração.

Berlim, 2 de Janeiro de 2014
14h33m
Joaquim Luís Mendes Gomes


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

baralho de cartas...


O meu baralho de cartas...

Com o meu baralho,
Ergo um castelo,
Onde sou rei.
Muitos valetes
E muitas damas.

Com os paus eu planto árvores
Que me dão flores
E frutos.
E à sombra das suas copas,
Eu me regalo.

Com as espadas,
Eu terço armas,
Corto os paus
Que me dão lenha,
Faço fogueiras,
Com que me aqueço.

Com os oiros,
Crio tesouros,
Com que enriqueço
E compro cartas
Que nunca mais acabam...
E registo cartas,
Com frente verso,
E porte pago
Para todo o mundo...

Berlim, 1 de Janeiro de 2014
15h21m
Joaquim Luís Mendes Gomes

comboio 2014...

O comboio 2014...

Chegou à meia-noite em ponto,
À cidade de Berlim.

Havia calma. 
Pelos arredores,
Nas casas e nas famílias.

Todas bem apetrechadas
De tudo o que faz falta,
Ou é preciso,
Ali à hora.

A fartura é lei.
Sem desperdícios.
Tudo filtrado,
Quando entra em casa
E quando sai.

Nada vai ao acaso.
O racional
Está-lhes na massa do sangue.
Reflexão sempre presente
E em cada acto.

Até o simples apertar do sapato...
É com dois laços.

Ou o entrar no super.
Pela direita é que se entra
E pela esquerda,
É que se sai...

Não há lugar para festivais.
Pensava eu...

À meia-noite, em ponto,
O comboio chegou.
Trazia dentro o novo ano.

Irrompe, por todo o lado,
De cada casa,
De cada prédio,
Pelos ares acima,

Uma chuvada de fogo,
De artifício e fogo preso,
Com tal intensidade,
E tantas cores,

Com tanto estampido...
Parecia o fim do mundo.
Uma loucura!...

Era dia às cores,
na noite escura.

Baforadas de fumo,
Enevoavam as ruas...

Grossos estrondos dispersos,
De bombas...
na escuridão dos bosques.

Foi uma hora surreal.

Até me deu para ver fantasmas...
que por aqui andaram...

Por causa da simples chegada
Do 2014...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 1 de Janeiro de 2014,
9h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes