quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

comboio 2014...

O comboio 2014...

Chegou à meia-noite em ponto,
À cidade de Berlim.

Havia calma. 
Pelos arredores,
Nas casas e nas famílias.

Todas bem apetrechadas
De tudo o que faz falta,
Ou é preciso,
Ali à hora.

A fartura é lei.
Sem desperdícios.
Tudo filtrado,
Quando entra em casa
E quando sai.

Nada vai ao acaso.
O racional
Está-lhes na massa do sangue.
Reflexão sempre presente
E em cada acto.

Até o simples apertar do sapato...
É com dois laços.

Ou o entrar no super.
Pela direita é que se entra
E pela esquerda,
É que se sai...

Não há lugar para festivais.
Pensava eu...

À meia-noite, em ponto,
O comboio chegou.
Trazia dentro o novo ano.

Irrompe, por todo o lado,
De cada casa,
De cada prédio,
Pelos ares acima,

Uma chuvada de fogo,
De artifício e fogo preso,
Com tal intensidade,
E tantas cores,

Com tanto estampido...
Parecia o fim do mundo.
Uma loucura!...

Era dia às cores,
na noite escura.

Baforadas de fumo,
Enevoavam as ruas...

Grossos estrondos dispersos,
De bombas...
na escuridão dos bosques.

Foi uma hora surreal.

Até me deu para ver fantasmas...
que por aqui andaram...

Por causa da simples chegada
Do 2014...

Ouvindo Brendan Perry

Berlim, 1 de Janeiro de 2014,
9h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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