Varanda dos equívocos...
Minha varanda,
É profunda,
Tem a largura do apartamento
E é virada ao polo norte.
Nela me amesento.
Depois do almoço.
Uma cadeira acolchoada,
O meu cachimbo
E um cálice de uísque.
Cubro os joelhos com uma manta.
E o vento de gelo,
Que me serve de frigorífico,
Brinda meu rosto,
Com lufadas de ar fresco.
À minha frente,
Incessante, de manhã
À noite,
Passa um cortejo.
De carros e autocarros.
Meu pensamento voa
Como o fumo branco
Do meu cachimbo.
Através das árvores nuas,
Outro cortejo passava,
Em marcha lenta.
Era o cortejo translúcido
Dos meus equívocos.
Deus, na sua sabedoria infinita,
Criou o homem e a mulher.
Como seres diferentes.
E não clones.
Destinados a serem um só,
Em complemento.
Cada um com sua forma...
Forçá-los a serem iguais
Dá asneira certa,
Como dois mais dois
São quatro.
Nem o homem, por mais
que queira,
Pode ser mulher,
Nem a mulher pode fazer de homem.
Se o impõem...é a desgraça.
Cai o carmo e a trindade...
Não há bruxo nem curandeiro
Que do branco
Faça preto...
É preciso respeitar e aceitar a natureza,
Para que acabem de vez todos os equívocos!
Foi a lição brilhante da minha varanda...
Ouvindo Brendan Perry
Berlim, 8 de Janeiro de 2014
14h35m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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