terça-feira, 10 de dezembro de 2013

meu barruço de lã...

O meu barrete de lã...


Pela manhã, enfio meu barruço de lã,
Até às orelhas.
Só os olhos me ficam abertos
Para olhar o mundo.

Respiro ar frio
Que me aquece.
Meus passos são passadas
Para o infinito.

Meus braços abraçam tudo
Que me passa à mão.
Me regalo de emoções
Vindas do espaço.
Meu regaço fica repleto
De aconchegos.
Um braseiro que me aquece,
Em lume brando.

Estremeço, se os pés me falham.
Agarro-me aos ramos
Que me enlaçam
E me abraçam.

Cheiro a neve
Como um perfume intenso
De jardim.
 Oiço os corvos,
Grasnando altos.
Vejo os vermes, sob as folhas mortas.
Como bolotas secas,
Que esperam vassouras.

Desarmo as névoas
Que me toldam os olhos,
Mirando as copas nuas,
Enregeladas.

As árvores parecem dormir,
Especadas,
Como vacas nos campos,
Ruminando erva,
Em sonho de fadas...

Meu barruço esquecido,
Me afaga a nuca
E meu coração salta alegre,
Como uma pomba.

Berlim, 10 de Dezembro de 2013
 Joaquim Luís Mendes Gomes


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