Retorno às origens...
Depois dum longo caminho,
Por esse mundo moderno,
Onde de tudo acontece,
De bom e não,
Já se divisam ao longe,
Os cumes daquela serra
Alta e eriçada,
Beijando o céu,
Onde ainda há lobos
E coelhos bravos..
Escorrem-lhe nervuras
De fragas espessas,
Como lombas,
Cobertas de urzes
E giestas arbóreas,
Carvalheiras
E de pinheiros bravos,
Para um vale fundo e vasto.
Por ele, corre lento e bem escondido,
Um rio,
Mais ou menos estreito,
Em sinuosas curvas,
Cheias de sombra.
De salgueiros
E canas cerdes.
E há largos campos
De verdura em chama,
Onde, fartas,
Se apascentam vacas...
E também ovelhas.
Aqui e ali,
Nas clareiras,
E sobre as encostas soalheiras
Sucedem-se aldeias paradas no tempo,
,
Como castelos,
Cercadas de hortas
E ramadas de vinho.
Em constante porfia e desgarrada,
Cantam os galos, de raiva
Ou de vaidade,
Pelas suas galinhas,
Companheiras.
De capoeira.
E ladram os cães de
guarda,
Presos a longas trelas.
Uns guardiães!...
Só lá entra
Quem tem licença...
Por caminhos de terra negra,
Ou barrocas de lama seca.
Ainda há carros de bois,
Que chiam...chiam...
Ora graves,
Ora agudos,
Por sabão nos eixos.
A carga é muita!..
Espalhados pelos campos,
Solitários, aos pares,
Cantarolando ou assobiando,
Há alegres lavsadeiras
E homens da terra,
Derreados,
De sol a sol,
Que a lavram e a semeiam,
Desde o grão,
Até à espiga,
À enxada ou à raviça.
As sineiras tocam...tocam,
De hora a hora...
E o caminho segue e sobe,
Lado a lado com o ribeiro...
E ao longe, cada vez mais longe.
Há mais uma serra,
Atrás daquela...
Igual a ela.
Ouvindo peças variadas de música clássica
Berlim, 17 de Dezembro de 2013
7h58m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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