A vela que se apagou…
Inesperadamente,
Entreabriu-se a porta da
minha sala
E, como em presságio,
Deixou entrar uma luz de vela.
Fui à sorte…
E uma chama mortiça e
moribunda
Estremecia de soluços
quase morta.
Por mais vida
Que eu soprasse sobre
ela,
não achava a forma
De a salvar da morte
certa
Que a espreitava.
Flamejando aflita,
apoplética,
Esbracejava hirta,
Como braços loucos,
Desesperados dum
naufrágio …
E, aos poucos,
Lentamente,
Como um barquinho tenro,
Que sucumbe,
Foi desfalecendo inerte,
Como quem se entrega
À própria morte,
que lhe chegara
exactamente
Na hora certa…
Uma nuvem ténue,
De silêncio e escuridão
Invadiu-me a sala
Que ficou triste e negra
Como breu…
Ovar, 24 de Agosto de
2012
5h6m
Joaquim Luís M. Mendes
Gomes
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