sábado, 29 de setembro de 2012


A vela que se apagou…

 

Inesperadamente,

Entreabriu-se a porta da minha sala

E, como em presságio,

 Deixou entrar uma luz de vela.

 

Fui à sorte…

E uma chama mortiça e moribunda

Estremecia de soluços quase morta.

 

Por mais vida

Que eu soprasse sobre ela,

não achava a forma

De a salvar da morte certa

Que a espreitava.

 

Flamejando aflita, apoplética,

Esbracejava hirta,

Como braços loucos,

Desesperados dum naufrágio …

 

E, aos poucos,

Lentamente,

Como um barquinho tenro,

Que sucumbe,

Foi desfalecendo inerte,

Como quem se entrega

À própria morte,

que lhe chegara exactamente

Na hora certa…

 

Uma nuvem ténue,

De silêncio e escuridão

Invadiu-me a sala

Que ficou triste e negra

Como breu…

 

Ovar, 24 de Agosto de 2012

5h6m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

 

 

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