Sótão das ideias…e velharias
Cansado. Esgotado.
Deste deserto à volta.
Subi ao sótão
Das minhas ideias,
Passadas ou esquecidas.
Remexi caixotes.
Estavam por idades.
Infância.
Adolescência.
Juventude.
Maioridade.
E, ainda vago,
já lá está o da senectude.
Um a um, os vasculhei.
Lá estava o berço
Que me embalou.
Em meia lua.
Um baloiço em pau.
Azul de mar.
Já desmaiado.
Veio de trás.
e serviu para mim.
Meu cavalo de pau.
De olhos redondos,
Muito luzentes.
E tinha orelhas.
Meu ciclista alegre,
duma roda só
Que eu empurrava,
Com velocidade.
A minha fisga.
Onde afinei a pontaria ao longe.
Que me serviu para a vida.
O meu pião. Bojudo.
Tinha cá um bico!...
E o das nicas.
Todo lascado.
As minhas botas.
Leves. Feitas à mão.
Iam comigo a todo o lado.
Que bem corriam.
Coladinhas ao chão.
O triciclo de madeira
Que o joão alfaiate
Me construiu…
O patrão e mestre.
Era o meu pai.
Uma gaita de beiços.
Onde eu dobrava.
Modinhas da terra.
Até um caniço.
Que eu fabriquei à mão.
Em paus de vime.
E apanhei pardais.
Lá estava o tercinho.
Bolinhas pretas.
Cinco mistérios.
E ave marias.
Meu livro de missa,
Com orações.
Que lindas eram.
Falavam do céu,
Onde não havia estrelas
E morava Deus…
Ouvindo “serenata de Schubert” “Claire de lune”de Debussy, a partir do youtube
É madrugada…já trovejou
Mafra, 16 de Setembro de 2014
5h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Cansado. Esgotado.
Deste deserto à volta.
Subi ao sótão
Das minhas ideias,
Passadas ou esquecidas.
Remexi caixotes.
Estavam por idades.
Infância.
Adolescência.
Juventude.
Maioridade.
E, ainda vago,
já lá está o da senectude.
Um a um, os vasculhei.
Lá estava o berço
Que me embalou.
Em meia lua.
Um baloiço em pau.
Azul de mar.
Já desmaiado.
Veio de trás.
e serviu para mim.
Meu cavalo de pau.
De olhos redondos,
Muito luzentes.
E tinha orelhas.
Meu ciclista alegre,
duma roda só
Que eu empurrava,
Com velocidade.
A minha fisga.
Onde afinei a pontaria ao longe.
Que me serviu para a vida.
O meu pião. Bojudo.
Tinha cá um bico!...
E o das nicas.
Todo lascado.
As minhas botas.
Leves. Feitas à mão.
Iam comigo a todo o lado.
Que bem corriam.
Coladinhas ao chão.
O triciclo de madeira
Que o joão alfaiate
Me construiu…
O patrão e mestre.
Era o meu pai.
Uma gaita de beiços.
Onde eu dobrava.
Modinhas da terra.
Até um caniço.
Que eu fabriquei à mão.
Em paus de vime.
E apanhei pardais.
Lá estava o tercinho.
Bolinhas pretas.
Cinco mistérios.
E ave marias.
Meu livro de missa,
Com orações.
Que lindas eram.
Falavam do céu,
Onde não havia estrelas
E morava Deus…
Ouvindo “serenata de Schubert” “Claire de lune”de Debussy, a partir do youtube
É madrugada…já trovejou
Mafra, 16 de Setembro de 2014
5h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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