Meia dúzia de pontos
amarelos à sorte,
No meio dum quadro
escuro,
E o silêncio hermético da
madrugada,
Mais a barreira de
arvoredo negro,
Formam a barra desta
noite,
Onde há pouco, desaguou o
dia.
Tudo parou suspenso,
Como se fosse o fim.
Ninguém admite
Que volte a haver em
chama acesa
Um permanente ir e vir de
carros,
Numa senda louca,
Que parece desatinada.
Daqui a escassas horas,
assim será….
Como sempre foi e tornará
a ser.
É esta a maneira do homem
moderno
Estar na terra.
Sempre a mexer,
Como peixes em aquário,
Agitando águas,
Porque o parar é morte,
Asfixia,
E o dia é também ele
O sol em marcha com a terra ao lado,
Numa dança louca,
Por vezes, chega a ser
macabra.
Meditar, contemplar,
rezar…
É tudo a excepção, cada vez mais distante.
Só se pensa, um poucp,
A duzentos à hora, ao
volante,
Na auto.estrada,
Ou na carruagem veloz,
dum tgv…
E nada mal…que assim
aconteça.
Quem é que hoje, faz
marcha a pé,
Olhando as estrelas?...
A caminho do seu trabalho,
Ao suave luar,
Ou no regresso doce
De voltar para casa?...
Ouvindo H.Grimaud, em
concerto de Rachmaninov
Zehlendorf, 30 de
Novembro de 2012
4h26m
Joaquim Luís M. Mendes
Gomes