quinta-feira, 29 de novembro de 2012


 
 
Meia dúzia de pontos amarelos à sorte,

No meio dum quadro escuro,

E o silêncio hermético da madrugada,

Mais a barreira de arvoredo negro,

Formam a barra desta noite,

Onde há pouco, desaguou o dia.

 

Tudo parou suspenso,

Como se fosse o fim.

 

Ninguém admite

Que volte a haver em chama acesa

Um permanente ir e vir de carros,

Numa senda louca,

Que parece desatinada.

 

Daqui a escassas horas, assim será….

Como sempre foi e tornará a ser.

 

É esta a maneira do homem moderno

Estar na terra.

Sempre a mexer,

Como peixes em aquário,

Agitando águas,

Porque o parar é morte,

Asfixia,

E o dia é também ele

O sol em marcha com a  terra ao lado,

Numa dança louca,

Por vezes, chega a ser macabra.

 

Meditar, contemplar, rezar…

É  tudo a excepção, cada vez mais distante.

Só se pensa, um poucp,

A duzentos à hora, ao volante,

Na auto.estrada,

Ou na carruagem veloz, dum tgv…

 

E nada mal…que assim aconteça.

Quem é que hoje, faz marcha a pé,

Olhando as estrelas?...

A caminho do seu trabalho,

Ao suave luar,

Ou no regresso doce

De voltar para casa?...

 

Ouvindo H.Grimaud, em concerto de Rachmaninov

 

Zehlendorf, 30 de Novembro de 2012

4h26m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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