terça-feira, 24 de junho de 2014

à pressa...À pressa…

À pressa…

Tudo vem justo,

No seu tempo certo.

Na sua marcha,

Vai inquieto o rio.

Ora se espraia.

Em sinuosa praia.

Até parece mar.

Ora se esboroa,

Em catadupa extrema.

Um gato assanhado.

De garras tão hirtas.

Esparzindo espuma.

Ora sereno,

Uma serpente arguta.

Esperando a presa.

Segue incessante.

Suas águas em cima,

Parecem paradas.

No fundo, a torrente avança.

E aquele cortejo rico,

De tantas vidas de prata.

São os seus cardumes.

Suas margens verdes

Vêm à janela,

Estendem suas rendas,

Como se fossem colchas.

As almas penadas,

Que vagueiam perdidas,

Vêm lavar-se nele,

Pelo luar de branco,

Nas horas a fio,

Das madrugadas.

E o nevoeiro dormente

Nas manhãs de estio,

Cobre-o alvinitente,

Como se fosse lã.

As aldeias jazentes,

Pela encosta abaixo,

Cosem-no de pontes,

Como se fossem um fio.

E ao cair do dia,

Quando o sol se deita,

Qual comboio lento,

Entra tão sedento,

Como um filho esperado,

Que não se via há tanto,

Vai abraçar-se ao mar…


Ouvindo Lang Lang

Berlim, 25 de Junho de 2014

5h46m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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