À pressa…
Tudo vem justo,
No seu tempo certo.
Na sua marcha,
Vai inquieto o rio.
Ora se espraia.
Em sinuosa praia.
Até parece mar.
Ora se esboroa,
Em catadupa extrema.
Um gato assanhado.
De garras tão hirtas.
Esparzindo espuma.
Ora sereno,
Uma serpente arguta.
Esperando a presa.
Segue incessante.
Suas águas em cima,
Parecem paradas.
No fundo, a torrente avança.
E aquele cortejo rico,
De tantas vidas de prata.
São os seus cardumes.
Suas margens verdes
Vêm à janela,
Estendem suas rendas,
Como se fossem colchas.
As almas penadas,
Que vagueiam perdidas,
Vêm lavar-se nele,
Pelo luar de branco,
Nas horas a fio,
Das madrugadas.
E o nevoeiro dormente
Nas manhãs de estio,
Cobre-o alvinitente,
Como se fosse lã.
As aldeias jazentes,
Pela encosta abaixo,
Cosem-no de pontes,
Como se fossem um fio.
E ao cair do dia,
Quando o sol se deita,
Qual comboio lento,
Entra tão sedento,
Como um filho esperado,
Que não se via há tanto,
Vai abraçar-se ao mar…
Ouvindo Lang Lang
Berlim, 25 de Junho de 2014
5h46m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Tudo vem justo,
No seu tempo certo.
Na sua marcha,
Vai inquieto o rio.
Ora se espraia.
Em sinuosa praia.
Até parece mar.
Ora se esboroa,
Em catadupa extrema.
Um gato assanhado.
De garras tão hirtas.
Esparzindo espuma.
Ora sereno,
Uma serpente arguta.
Esperando a presa.
Segue incessante.
Suas águas em cima,
Parecem paradas.
No fundo, a torrente avança.
E aquele cortejo rico,
De tantas vidas de prata.
São os seus cardumes.
Suas margens verdes
Vêm à janela,
Estendem suas rendas,
Como se fossem colchas.
As almas penadas,
Que vagueiam perdidas,
Vêm lavar-se nele,
Pelo luar de branco,
Nas horas a fio,
Das madrugadas.
E o nevoeiro dormente
Nas manhãs de estio,
Cobre-o alvinitente,
Como se fosse lã.
As aldeias jazentes,
Pela encosta abaixo,
Cosem-no de pontes,
Como se fossem um fio.
E ao cair do dia,
Quando o sol se deita,
Qual comboio lento,
Entra tão sedento,
Como um filho esperado,
Que não se via há tanto,
Vai abraçar-se ao mar…
Ouvindo Lang Lang
Berlim, 25 de Junho de 2014
5h46m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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