sexta-feira, 27 de junho de 2014

sem regatear...

Sem regatear…

 

A semente cai.

Na terra-mãe.

Apenas, se expõe.

Ao sol e á chuva.

O vento a cobre.

A terra a abraça.

Vem o calor

Desperta-lhe a vida

Em tons de verde.

Se espraia e se estende.

Em pèzinhos de lã.

A seiva a rega.

Recebe e dá.

Algo de cima a chama,

Atracção fatal.

E ela, mui lenta, vai.

Um fio de seda,

Tacteando o chão.

Até ver a luz.

Cora de verde.

Se expondo ao sol.

A vida circula

E a faz crescer.

Abre seus olhos.

Estende seus bracitos.

Como se fossem asas.

O vento meigo as beija

Se põem a bailar.

E num crescendo suave,

Que só o tempo tece,

Ela se vai expondo,

Com tanta arte o faz.

Faz o seu desenho,

Vai ganhando cor,

Vai riscando a forma,

Como ela quer ficar.

Quer ser igual à mãe

Que lhe deu o ser.

Se quer vestir de verde.

Até chegar a hora,

De dar flor e fruto.

Quer largar semente,

 

Quer voltar ao chão

Para não mais morrer.

Berlim, 28 de Junho de 2014

6h23m

dia cinzento, sem chuva…

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 

 

 

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