quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


 
 
 
Acordei de madrugada.

De olhos fechados, pus-me a pensar.

Era o silêncio.

Meu pensamento soltou-se

E foi livre, vertiginoso,

Mil vezes deu a volta ao mundo.

À velocidade do pensamento.

 Do meu passado até ao presente

E, de novo, até ao passado…

Que cortejo sem fim,

De lembranças quentes,

Em vários tons e cores.

Umas alegres, vivas,

Outras menos.

Me passou à frente!...

Todas com sabor a amor.

……………………………………….

De quando menino,

Em bicos de pés,

Rés-vés  às mesas

Da costura de meu pai…

Ou do corte de alfaiate.

Havia moldes,

Que eu não conseguia decifrar…

Tesouras, de aço,

De vários tamanhos,

Havia cheiro a giz,

De várias cores …

 

Carrinhos de linha, a dar com um pau

( para mim, só eram bons quando vazios…)

Etantas agulhas…

Para os vários fins.

E uma fita métrica…

Que me era um sonho.

 

Pareciam fadas,

Pareciam sereias,

Naquelas mãos de mestre…

Como saiam contentes os seus fregueses

Com a roupa nova!...

- Até depois, Quinzinho!...

 

Zehlendorf, 27 de dezembro de 2012

7h38m

Joaquim luís M. Mendes Gomes

Ouvindo Lang Lang, concerto nº 2 de Rachmaninov

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