Bastaria uma golfada do
meu sol
Para desfazer a
carapaça de cinza
Que nos tapa e esconde
Nestas ruas caladas e
sombrias.
Nem as vidraças das
casas,
Tão tristes, reflectem os céus,
Voltadas para o chão.
Secou-se a neve que ontem,
Brilhava na terra.
Só frias calçadas
descalças,
Com pedaços e restos à
espera de mais.
Rostos opacos,
De vultos escuros,
Vão nos passeios sem chama.
Nas calhas luzentes sem
fim,
Rolam eléctricos que
gemem de frio.
Por trás das vidraças,
Há mesas redondas,
caladas, sem cor,
Onde se bebe o café da
manhã,
Com bolas e natas.
Pelos ares sem encanto,
Em vez de
andorinhas,
Grasnam os corvos
zangados
Da fome maldita
Que encontraram no chão.
E é assim, nesta manhã,
Aqui, em Berlim,
Depois do Natal…
Berlim,-Mitte, 26 de Dezembro de
2012
9h46m
Joaquim Luís M. Mendes
Gomes
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