domingo, 2 de dezembro de 2012


Olho o meu País de longe

E vejo um castelo,

Murados de ameias

E muitas muralhas,

Com o povo encerrado,

Como se fosse cadeia.

 

Andam ao longo,

Armados de espadas,

Os guardas ferozes

E sós, nas guaritas,

Os sentinelas.

 

As grossas  portadas ferradas

Só abrem para levarem os escravos ao campo,

Com enxadas nas mãos e grilhetas nos pés.

 

Vão semear e colher, a troco de nada,

Para a cambada comer e reinar.

 

Na torre de menagem…

Habita um sinistro plebeu

Que é soba real,

Escolhido a dedo,

Com contos de fadas,

Pelos próprios escravos,

 

E em seu redor,

Vadiam  os restantes,

Com bicos de abutres,

Todos iguais,

Escorrendo de sangue,

Das entranhas esgaçadas,

Como se fossem punhais.

Assim vai Portugal…

 

Ouvindo Sonho de Amor de franz Liszt

 

Zehlendorf, 2 de Dezembro de 201210h2m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

 

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