terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

É no silêncio…

Por acaso, alguém já reparou
Como nascem da terra
Essas árvores gigantescas,
Como embondeiros,
Que nos encantam de sombra e verde!…

Como elas são tão miudinhas,
Quando caem do alto,
Se escondem no chão.

Em silêncio, tudo que têm dentro,
Parece o nada,
Começa a multiplicar-se, certo
Segundo a lei…

Numa torrente sem fim,
Que descobre a sua marcha,
De olhos fechados..
Sabendo exacto por onde seguir.
Vencendo os obstáculos
Que a queiram impedir,
Sem perguntar…

Uma força descomunal e infinita
A empurra …e guia.

Rasga a terra negra que a cerca,
Sobe, vem e começa a erguer-se ,
Ao ar,
Abrindo os bracitos,
Ousando ir sempre…,
Alargando os pés,

Engrossando o tronco e os braços,
Cada vez mais,
Arrostando o vento,
A chuva e frio agreste.

Abre janelas , com exactidão de mestre,
Para entrar a luz e o respirar.

Cada dia fica maior.
Nunca mais pára

Até chegar a ser aquele gigante
Altivo e humilde,
De muitos braços abertos
E que dá flor…

Ouvindo Hélène Grimaud, em Adágio de Mozart

Berlim, 6 de Fevereiro de 2013
Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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