Noivado em Fevereiro
Voltou a cair neve,
Miudinha, quase líquida.
Já tapou o chão de gase,
Como um véu suave,
Que tudo afaga e cobre,
Preparando a terra triste,
Para a grande vaga em festa,
Que está para chegar.
Como em despedida.
De fininha e ténue,
Passou a espessa,
Em farrapinhos brancos,
Cada vez mais grossos.
Vêm desorientados,
Bruxuleando, pelo ar,
Em linhas sem nexo,
Como se viessem perdidos.
Sacudindo as asitas,
Passarinhos gaiatos.
Que vão brincar para o chão.
Atirar bolinhas de neve
À gente que passa.
Poisando nos carros
Em passeios breves.
Não tardará muito,
E o arraial da festa,
Em grande algazarra,
Tingirá as árvores negras,
Lavradeiras alegres,
Com mantilhas de branco,
Como se fossem noivas,
Subindo ao altar.
Como um pintor apaixonado,
Que não mais descansa,
Enquanto não vir na tela,
O Fevereiro noivado,
Como lhe vai na alma.
Berlim, 2 de Fevereiro de 2013
9h18m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes
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