sexta-feira, 29 de março de 2013


Fábula das pedras

 

Atirei pedras ao mar.

Como quem atiça o fogo.

Saíu-me de lá um peixe irado.

De boca aberta.

- Porque não te metes na tua vida?

- Aqui só reina a paz.

- Ninguém atira pedras.

-  Somos irmãos. - Olha as estrelas do céu. Lá no alto.

- Como se dão tão bem.

- Nunca ninguém as viu pegadas em lutas estéreis.

- Cada uma respeita a a sua vizinha,

Como se fosse sua irmã.

 Fugiram para bem alto,

Das pedras que a terra lhes atirou. –

 - Deixa-nos a nós em paz.

- Não temos céu para onde fugir.

- Somos obrigados a partilhar contigo esta terra.

- Tão exígua.  

- Ai de vós, se se abrem as comportas…

- Ficaríeis inundados com nossas ondas

E não teríeis mais para onde fugir.

- Guarda-me essas pedras

Como se fossem tuas irmãs.

 

Ouvindo concerto para piano de Grieg…

 

Mafra, 29 de Março de 2013

14h57m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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