quinta-feira, 14 de março de 2013


Saudades de Alcácer…

 

Vou vaguear sereno, desde Mafra,

Até às terras de Além-Tejo. 

 

Vou matar as saudades que tenho

Do Sado e suas salinas verdes.

 

E das muitas cegonhas altas e garbosas

Que ali voam livres,

Como aeronaves.

 

E dos seus ninhos esgrouviados,

Feitos de paus e palha

Postos nas torres.

Tão bem urdidos. 

Parecem palácios reais.

 

E das águas barrentas do rio

Que se espraia manso e farto,

Em suaves curvas sensuais.

 

E daqueles arrozais sedentos,

Num delírio permanente,

Bebendo sôfregos,

Do leito do rio quente.

 

Vou passar a pé

Sobre a ponte em ferro velho,

E tão potente,

Para mirar as nuvens nuas,

Tomando banho no rio Sado.

 

E, se ainda tiver tempo,

Hei- de ir até à Comporta,

Ao pé da Troia,

Lusitana,

Por baixo daquele dossel sem fim,

De copas verdes

De tantos chaparros e pinheiros…

 

E…pode ser que ‘inda encontre as portas abertas

Que me levem junto do mar…

 

Mafra, 14 de Março de 2013

9h 45m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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