sexta-feira, 15 de março de 2013


Outro farol de Alexandria

 

 

Resplandeceu enfim,

No horizonte universal.

Uma luz descomunal.

 

Num ápice, deslumbrou o mundo.

Cumeadas, cordilheiras,

Altivas, quase infernais,

Carregadas de neve,

Parecia eterna…

 

Vales fundos, escuros,

Como cavernas,

Tenebrosas,

Se iluminaram.

 

Fez-se dia.

Viu-se um cortejo de duendes, informes,

Muito bem ataviados,

A desaparecerem lestos e sorrateiros,

Como toupeiras.

E se despenharem nas fossas fundas

Dum oceano ao pé,

De águas mortas,

 

Onde ficarão inertes,

Jazendo infétidas. 

 

Tanta roupagem inútil,

Tantos rubis que só faiscavam,

Sem iluminar.

 

Tanto fumo,

Tanto incenso falso,

 

Tantas plumas. Secas.

Tanto verniz charmoso

E inexplicável à verdadeira luz.

 

Soou a hora de lavar as roupas,

As mais simples,

Que são só roupas…

Nunca fardas.

 

A caminhada é outra..Outro caminho.

O caminho de Deus!...

Muito diferente dos caminhos do mundo,

Num constante arfar de avidês sem lei..

De açambarcar poder, só para reinar,

Com todos os fulgores,

Mesmo que à porta,

Em cortejo imenso,

Morram de fome e frio..

Gemam  famintos…

 

Outro farol brilhou nos céus…

Não é romano…

É de Alexandria…

Onde a tradição jazeu…

 

Ouvindo concerto para piano nº 1 de Brahms,

 

Mafra, 16 de Março de 2013

6h33m

 

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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