domingo, 3 de março de 2013


Olhando para trás…

 

 

Encho meu peito de ar

E fito ao longe os dias lindos

Que se abriam na minha terra,

Cada manhã.

 

Quando a aurora nascia

Ao toque sublime das “trindades”,

Multiplicado em coro,

Pelas aldeias ao redor,

Num gesto certo

De quem sabe

Que não tem em si a razão de ser.

 

Gratidão era o céu azul

Que tudo alumiava,

Desde o nascer até ao morrer.

 

Quando, as pessoas se saudavam a sério,

Ao passar,

Tirando o chapéu,

Com um “ Deus o salve”…meu senhor!...

 

E nós meninos, pelos caminhos,

Pedíamos a bênção aos maiores,

Mesmo desconhecidos.

Que nos respeitavam como meninos…

Que já foram.

 

Quando os filhos já casados,

Tudo faziam para se encontrarem na casas dos pais,

Com seus filhinhos, aos Domingos,

Depois da hora do almoço…

 

E ali ficavam, em família,

Tantas vezes até às tantas…

Em alegria pura e abençoada…

 

Ó tempos lindos…

Por que choro…

E não mais vi…

E cada vez mais se afastam do meu olhar!...

 

Ouvindo Hélène Grimaud tocando Bach

 

Berlim, 4 de Março de 2013

7h7m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

 

 

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