Ardem-me os olhos
E amarga-me a boca.
O coração me sangra
Dentro do peito.
Acordo atónito,
No terror deste Portugal
de Abril,
Atraiçoado e traído.
Está tudo apático!...
Paralíptico, asséptico,
seco e amorfo.
Andam à solta, ladrões
nos quintais
Ao pé das galinhas!
Não há caçadeiras!
Nem ladram os cães!...
Só para a caça!...Ó que
desgraça!
O abade ressona!
O regedor esgravata!
Os presidentes, sem
guelra,
Andam nas feiras…
Enfiando barretes…
Exibem gravatas
E comem pipocas!
Mas que sujeira de gente
de trampa...
Medra nestas paradas
desertas,
Sem tropas…
Só mangas de alpaca
E sebo nas botas!...
Apanhem, ao menos,
Os fueiros das vacas !
E escavaquem-lhes os
ossos das costas,
Se é qu’inda há costas
erguidas de gente,
Com vergonha na cara!...
Choro de dor, vergonha e
de raiva,
Neste País de tanta honra
e glória
Na história!?...
Ouvindo Hélène Grimaud
tocando Chopin
Zehlendorf, 7 de Janeiro
de 2013
7h41m
Joaquim Luís M. Mendes
Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário