segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Ardem-me os olhos

E amarga-me a boca.

O coração me sangra

Dentro do peito.

 

 Acordo atónito,

No terror deste Portugal de Abril,

Atraiçoado e traído.

 

Está tudo apático!...

Paralíptico, asséptico, seco  e amorfo.

Andam à solta, ladrões nos quintais

Ao pé das galinhas!

Não há caçadeiras!

Nem ladram os cães!...

 

Só para a caça!...Ó que desgraça!

 

O abade ressona!

O regedor esgravata!

Os presidentes, sem guelra,

Andam nas feiras…

Enfiando barretes…

Exibem gravatas

E comem pipocas!

 

Mas que sujeira de gente de trampa...

Medra nestas paradas desertas,

Sem tropas…

Só mangas de alpaca

E sebo nas botas!...

 

Apanhem, ao menos,

Os fueiros das vacas !

E escavaquem-lhes os ossos das costas,

Se é qu’inda há costas erguidas de gente,

Com vergonha na cara!...

 

Choro de dor, vergonha e de raiva,

Neste País de tanta honra e glória

Na história!?...

 

Ouvindo Hélène Grimaud tocando Chopin

 

Zehlendorf, 7 de Janeiro de 2013

7h41m

 

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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