quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Meu palácio real

 

 

Gosto de escrever nas horas mortas,

Quando todas as portas se fecham

E o mundo descansa.

 

Pego a pena

E vou pelo ar.

Rodopiando no céu.

Como um condor nas alturas,

Banhado de sol.

Vou meditando e sonhando,

Embalado nas ondas,

Suspirando saudades  

Das vozes de além.

 

Percorro os caminhos que o tempo apagou.

Até ao palácio real.

Onde moraram meus pais.

Descerro-lhe as portas.

Invado os salões.

Rasgo as cortinas dormentes

Que escondem segredos.  

Acendo os lustres enormes,

Calados há séculos. 

Escancaro –lhe os cofres,  

Para ver o que têm.

Subo ao topo da história,

Procurando as minhas raízes.

 

Quero conhecer a cadeia

Donde tudo partiu.  

Para ver se enfim,

Desvendo este emaranhado de sombras

Que me toldam a vida

E se apoderaram de mim.

Só depois, sossegarei o meu corpo,

Prostrado no chão.

 

Ouvindo  Claire de Lune de Beethoven”

 

Berlim, 23 de Janeiro de 2913

21h13m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

Sem comentários: