Meu palácio real
Gosto de escrever nas horas mortas,
Quando todas as portas se fecham
E o mundo descansa.
Pego a pena
E vou pelo ar.
Rodopiando no céu.
Como um condor nas alturas,
Banhado de sol.
Vou meditando e sonhando,
Embalado nas ondas,
Suspirando saudades
Das vozes de além.
Percorro os caminhos que o tempo apagou.
Até ao palácio real.
Onde moraram meus pais.
Descerro-lhe as portas.
Invado os salões.
Rasgo as cortinas dormentes
Que escondem segredos.
Acendo os lustres enormes,
Calados há séculos.
Escancaro –lhe os cofres,
Para ver o que têm.
Subo ao topo da história,
Procurando as minhas raízes.
Quero conhecer a cadeia
Donde tudo partiu.
Para ver se enfim,
Desvendo este emaranhado de sombras
Que me toldam a vida
E se apoderaram de mim.
Só depois, sossegarei o meu corpo,
Prostrado no chão.
Ouvindo Claire de Lune de Beethoven”
Berlim, 23 de Janeiro de 2913
21h13m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes
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