terça-feira, 29 de janeiro de 2013


O Meu fado

 

Mansamente, como um rebanho saciado,

Desce a encosta da serra

E vem recolher-se no seu leito ,

Eu desço o meu dia-a- dia 

Por uma senda,

Que me levará até, não sei onde

E quando lá chegarei,

Até final…

 

Não me preocupo com esse tema.

Viver é o meu  lema,

Seguir em frente,

Pisando o melhor caminho,

Evitando as pedras mais pedregosas

Para bem dos pés…

E sentir-me bem,

Olhando em redor.

 

Parando aqui e ali…

Um amigo que há muito

Não via…

Alguém que me pergunta das horas

Ou do melhor caminho,

E fica horas perdidas a conversar…

Até se esquecer ...

Olhar ao longe ,

Para o campanário de cruz ao alto,

Lembrando Deus…

Deleitar estes meus olhos

Com as verdes promessas perfumadas

De mais uma primavera, em flor…

Entrar na tasca da Isaurinha,

Onde já ia meu Avô…

Ou no vizinho café da esquina,

Para mais dois dedos de conversa,

Enquanto se bebe um copo ,

Secome um bolinho de bacalhau,

Com o amigo de ocasião.

 

Engraxar os meus sapatos pretos…

cortar o cabelo, enquanto houver,

E parecer bonito a quem me vê…

 

Ler o jornal para saber

Onde vai a missa …

Ou do bom e mau

Que vai pelo mundo…

Sem esquecer a derradeira página …do necrotério…

 

Enfim, cumprir meu fado ou meu destino,

Enquanto o sol me bater na eira…

Tal e qual assim,

Como fazia o meu avô feliz…

Que só partiu… quando Deus quis…

E eu sei certo que está no Céu…

 

Ouvindo Hélène Grimaud em Moonlight de Beethoven

 

Berlim, 30 de Janeiro de 2013

7h39m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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