O Meu fado
Mansamente, como um rebanho saciado,
Desce a encosta da serra
E vem recolher-se no seu leito ,
Eu desço o meu dia-a- dia
Por uma senda,
Que me levará até, não sei onde
E quando lá chegarei,
Até final…
Não me preocupo com esse tema.
Viver é o meu lema,
Seguir em frente,
Pisando o melhor caminho,
Evitando as pedras mais pedregosas
Para bem dos pés…
E sentir-me bem,
Olhando em redor.
Parando aqui e ali…
Um amigo que há muito
Não via…
Alguém que me pergunta das horas
Ou do melhor caminho,
E fica horas perdidas a conversar…
Até se esquecer ...
Olhar ao longe ,
Para o campanário de cruz ao alto,
Lembrando Deus…
Deleitar estes meus olhos
Com as verdes promessas perfumadas
De mais uma primavera, em flor…
Entrar na tasca da Isaurinha,
Onde já ia meu Avô…
Ou no vizinho café da esquina,
Para mais dois dedos de conversa,
Enquanto se bebe um copo ,
Secome um bolinho de bacalhau,
Com o amigo de ocasião.
Engraxar os meus sapatos pretos…
cortar o cabelo, enquanto houver,
E parecer bonito a quem me vê…
Ler o jornal para saber
Onde vai a missa …
Ou do bom e mau
Que vai pelo mundo…
Sem esquecer a derradeira página …do necrotério…
Enfim, cumprir meu fado ou meu destino,
Enquanto o sol me bater na eira…
Tal e qual assim,
Como fazia o meu avô feliz…
Que só partiu… quando Deus quis…
E eu sei certo que está no Céu…
Ouvindo Hélène Grimaud em Moonlight de Beethoven
Berlim, 30 de Janeiro de 2013
7h39m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes
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