sábado, 12 de janeiro de 2013


De repente, esta Natureza

Que parecia morta e negra de frio,

Amanheceu tímidamente, vestida

Como noiva de branco.

 

Só o toucado do céu azulado,

Reluz desmaiado, com franjas de cinza.

 

Um leve tapete,

Em casquinha de noz,

Tapa o chão, com picos de negro,

Dos restos mortais das folhas caídas.

 

Nuas e esguias, ao frio,

Se erguem as ramagens serenas

Das copas das árvores.

 

Pelas ruas sulcadas

Aavançam calados

Os carros no seu cortejo soturno e diário

Para um lado e para o outro.

 

Pelos carreiros ao lado das casas, 

Já correm alados,

Indiferentes ao frio,

Nas suas bicicletas gigantes,

Parecem andores,

Os carteiros de caky amarelo,

Distribuindo convites

Para as bodas da neve

Que está a chegar deslumbrante

E saciar toda a gente.

 

 

Ouvindo Hélène Grimaud em Adágio de Mozart

 

Zehlendorf, 11 de Janeiro de 2013

8h38m

 

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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