E ali vai o Padre atrás de oito andores...
Estamos numa procissão, claro.
Duma das muitas romarias que se fazem uma vez no ano, aos
padroeiros dessas muitas ermidas brancas, no alto dos montes do nosso País, ou
a partir do adro das igrejas paroquiais.
Dominam as cores das opas e das vestes domingueiras, a
estrear, das nossas gentes. Normalmente domina o sol no horizonte que ruboresce
aqueles rostos tintos, novos e velhos, que transpiram alegria sadia.
Há foguetes a estralejar no céu, largando tiros que não
estrondam a guerra. Mas são de festa. De
alegria virgem.
Há andores ao alto, com todos os santos e Senhoras do Céu,
com vestes largas e luzentes, acetinadas. Parecem cascatas de jardins em flor,
das mais bonitas.
Há tapetes feitos de pétalas vivas, tão bem bordados, como
arraiolos...
Há arcos erguidos, em volta ampla, duma berma à outra, tão
frequentes, parecem dosséis de cor. Clamam hossanas em letras gordas de tinta,
a Nosso Senhor.
Há perfumes de ervas
dos rios, de tantos matizes, que até embriagam...
Há coros lindos, já
tão antigos, cantam louvores...enchem os ouvidos e nunca cansam...
Há preces a Deus, em vozes uníssonas, tão bem timbradas, tão
bem sentidas, que nem Ele resiste...
E há uma banda de música, com instrumentos de sopro,
flamejando ao sol. Marchando certa, ao som dos tambores, bastariam eles para
fazerem a festa...Tocam tão bem, como se fosse uma orquestra, mestria sem
escola, melodias clássicas e modas de igreja, nos fazem vibrar.
E atrás de todos, vem
um palácio de panos, de brocardo d’oiro, suspenso do céu, pelas mãos de
gigantes com opas.
Ali vai o Santíssimo...o nosso Criador...irradiando a Fé e a
bênção, como se fosse o sol...
Benditas sejam estas romarias todas que, pelos meses de
verão, põem o povo em festa e, bem no fundo, dão sentido à vida...
Roses, 7 de Julho de 2013
6h58m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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