terça-feira, 23 de julho de 2013

virtude da sombra...


Virtude da sombra

 

É na sombra que crescem raízes.

Humildes,

Como larvas felizes,

Cavam alicerces,

Prendem amarras,

Na crosta das rochas.

 

Vivem do húmus, se o houver,

Sem reclamar.

Tecem as malhas,

Que vestem,

Como musgo da terra.

 

Bebem da água

Que a chuva lhes deixa

Ou brota do chão.

 

Na hora certa,

Com tudo exacto,

Abre seus olhos,

Põe-se a espreitar.

Olha para o céu,

Fazendo as contas.

 

Se houver lugar,

Põe-se a crescer,

Com a força do sol.

 

Foge das nuvens,

Foge das sombras,

Para não morrer.

 

Crescem-lhe os ramos,

Como um andor.

Pintado de verde.

Brotam botões,

Como anéis a brilhar,

Na ponta dos dedos.

 

Expostos ao sol,

Rebentam folhinhas,

Envolvem um ventre,

E ficam às cores.

 

Soltam perfumes,

Que vão pelos ares

Fornalhas de seres

Fruto abundante...

Dão para comer e guardar

No chão das raízes...

 

Berlim, 24 de Julho de 2013,

7h48m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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