Milagre do sol
O sol nasceu na cozinha,
Passou a vidraça da porta da sala,
Esbarrou-se em mim
Que tentava escrever.
Eu estava às escuras.
Nada saía...
Agarrei-me a ele e fui.
Lá de cima, tudo enxerga,
Tudo devassa.
Não há recanto
Que sobre.
Basta uma fresta.
E o milagre acontece.
Da escuridão das trevas
Renasce a luz.
Tudo ressalta e brilha
Na sua forma e no ser.
Até as pregas das sombras
Vêm às claras.
Chovem as cores,
Luzem matizes.
E duma tela, negra e escura,
Sai um painel em fogo.
Cada objecto é uma acha
Que arde.
Da sala escura e vazia
Uma lareira viva de cores,
Só porque a força do sol
A preencheu gratuita de luz.
Berlim, 23 de Julho de 2013
6h24m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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