A fonte santa...
Na aldeia das casas velhas,
tudo era velho.
Menos os putos.
Eram velhas as tílias gigantes,
à volta do largo.
Que servia de sala.
E uma fonte tão velha,
de pedra negra,
mesmo no meio,
sempre a botar.
Água viva que nascia na serra,
muito distante,
por um rego antigo, em pedra,
que vinha descendo,
por entre campos e montes,
ao sereno sabor dos declives,
aqui e ali, sobre suportes robustos
de granito talhado a cinzel.
Havia três tanques grandes,
ligados em círculo:
num se lavavam as roupas das gentes;
noutro, vinha, à vez, todo o gado beber;
o outro era para a rega geral
e, também, o regalo dos putos,
nas tardes quentes da escola.
Por isso, lhe chamavam de santa,
àquela fonte,
de agora e de sempre...
Berlim, 26 de Julho de 2013
18h31m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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