sexta-feira, 26 de julho de 2013

fonte santa...


A fonte santa...

 

 

Na aldeia das casas velhas,

tudo era velho.

Menos os putos.

 

Eram velhas as tílias gigantes,

à volta do largo.

Que servia de sala.

 

E uma fonte tão velha,

de pedra negra,

mesmo no meio,

sempre a botar.

 

Água viva que nascia na serra,

muito distante,

por um rego antigo, em pedra,

que vinha descendo,

por entre campos e montes,

ao sereno sabor dos declives,

aqui e ali, sobre suportes robustos

de granito talhado a cinzel.

 

Havia três tanques grandes,

ligados em círculo:

num se lavavam as roupas das gentes;

noutro, vinha, à vez, todo o gado beber;

o outro era para a rega geral

e, também, o regalo dos putos,

nas tardes quentes da escola.

 

Por isso, lhe chamavam de santa,

àquela fonte,

de agora e de sempre...

 

Berlim, 26 de Julho de 2013

18h31m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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