sexta-feira, 23 de agosto de 2013

a morte da morte...


A morte da morte...

 

De repente, tocou a rebate.

O adro encheu.

Começou o debate.

Decretar uma lei

Sobre a morte da morte...

 

Questão crucial!...

 

Os ânimos ao rubro.

A multidão dividiu-se.

Depois de horas a fio,

Sem conclusão.

Decidiu-se à sorte,

Por cara ou coroa.

 

A cara era o sim.

E, por sorte...

Saíu.

 

Veio a festa.

Tocaram os sinos sem fim.

Ó que alegria...

Houve arraial.

A noite passou.

E novo dia também.

Sem a ameaça da morte,

- Os do sim e do não -

Ninguém queria voltar.

 

No resto tudo ficaria igual.

A fome e a sede.

O calor e o frio.

A doença e a dor.

O trabalho geral.

Se não queriam sofrer.

 

O tempo avançou.

A aldeia, feliz,

Os do sim e do não,

Voltou ao normal.

 

Pouco durou.

A discórdia surgiu e cresceu.

Entre dois grupos rivais:

Os que queriam viver sem sofrer,

E os que queriam viver sem trabalho.

 

E foi de tal ordem

Que os sinos tocaram a rebate

Outra vez.

Mas só apareceram

os que não votaram a morte da morte,

os mesmos do sim ao trabalho.

 

E assim, a aldeia,

Por mal

Ou por bem,

De novo,

Tudo acabou em guerra,

Sem morte.

Outro dilema pior!...

 

 

Berlim, 28 e Julho de 2013

9h47m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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