Parto difícil...
Toda a madrugada,
Tive um poema a saltar
Na minha mente cansada.
Não entrevia clara, a forma.
Só lhe pressentia
Sua gema dourada.
Querendo romper
E nascer.
Se me cerravam
As janelas e portas.
Sem frestas por onde
Coubesse e passasse.
Fiquei à espera.
Com a esperança.
Dum parto difícil.
Podia ser.
Com o feitiço da lua,
A estrela da aurora,
Se decidisse e nascesse.
Ele aqui está...
Lindo e sadio.
Quero abraçá-lo e abri-lo.
Ao de leve,
Escondido,
Como quem escuta
Um segredo-surpresa.
Triste ou alegre,
Que chega
Sempre por bem.
Cada um,
Sua cor e perfume.
Seu brilho nos olhos.
Cheirando a novo.
Vem doutro mundo.
Me surpreende o calor.
E a beleza que brilha...
Só lhe empresto a forma,
Como lenha que arde
Porque a chama e o fogo
É d’Alguém
Que sopra e aquece
E não eu...
Ouvindo Rachmaninov por Hélène Grimaud
Berlim, 26 de Agosto de 2013
8h10
Joaquim Luís Mendes Gomes
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