O despontar do dia, em Berlim
A suavidade da luz chega lenta
e vai vestindo de azul o céu.
De verde a terra.
De branco as nuvens
que navegam ao sabor do vento
em fumarolas.
Reluzem das casas sonolentas,
as janelas envidraçadas do casario.
Aqui e ali, uma chaminé altiva
lança ao ar volutas de fumo
prenunciando a vida interna
que desperta e se agita.
Os corvos negros e as pombas,
se despicam de árvore em árvore,
para o chão,
em procura de alimento.
Pelas estradas, recobertas de folhedo,
vai engrossando o cortejo louco
do corre-corre...
Acendem-se as vitrines dos cafés e bares,
à borda das ruas,
enquanto as máquinas aquecem,
a toda a força, suas caldeiras
para o bica a bica.
Se recolhe aos vestiários em chapa de zinco,
o tropel nocturno das vassouras
que limparam tudo a pente fino.
Contrariados mas conformados,
avançam para os elevadores, às baforadas,
os funcionários da banca, dos seguros e ministérios.
Giram pelas ruas, aflitas,
as carrinhas desencontradas
do 112 e 115.
Em pouco tempo,
Se põe em marcha
Esta grande mole de mundo ordeiro
Que disputa a vida, com certezas...
Berlim, 3 de Agosto de 2013
6h41m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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