segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

clareando a aurora...

Clarear da aurora...

Não quero perder
Uma pitadinha que seja,
Deste dia novo
Que está a nascer.

Quero correr pelo mundo,
Do passado ao futuro,
Deste presente ausente.

Confio no vento
E no sol,
Nos rios que correm,
Tudo vencendo,
Docemente,
Sem magoar.

O que importa
É chegar e correr,
De braços abertos,
Para abraçar
Quem espere por nós,
Contando os segundos,
Desde a hora em que fomos.

Não conto as horas.
Observo as luzes
Que se vão acendendo,
Amarelas,
No seio do escuro,
Daquele prédio em frente,
Carregado de gente.

Começo do dia.
Aurora a cantar.
Mesmo sem andorinhas,
Que hão-de chegar.

Ainda dormem os corvos.
Coitados. No topo dos prédios.
O chão ainda está negro.
E o bico não vê
O que querem levar.

Lenta e docemente,
Vai clareando
A manta cinzenta,
Que cobriu o céu,
Durante o frio da noite.

Sobressaem, em bicos dos pés,
As cristas hirsutas
E os recortes, à solta,
Dos topos das árvores.

Ainda não chegou o comboio
Carregado das cores.

Mesmo escuras e negras,
Castanhas opacas,
Brilham com os pedacitos de neve
Que olham para o céu,
Com medo do chão...

Ouvindo “O lago dos cisnes” mais uma vez...

Berlim, 4 de Fevereiro de 2014
7h3m – menos 2 graus -
Joaquim Luís Mendes Gomes

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