Punhado de areia morta...
Peguei num punhado de areia
E num gesto louco,
Semeei no campo extenso,
De terra lavrada.
Peguei noutro,
De grãos de semente seca,
Que parecia morta.
Lancei ao largo,
Para outro lado.
Como um semeador.
Como excêntrico,
Ou quase louco,
Sentei-me à espera.
Caíu a chuva.
Veio o vento.
Veio o sol.
Correram dias.
A terra virgem...
Só o silêncio fecundo
E a minha esperança.
Uma manhã,
Ao nascer da aurora,
Fazia uma brisa,
E , dançarinas,
Umas hastinhas tenras,
Despontavam verdinhas,
Rutilando ao sol.
Umas bailarinas...
Dançando e sorrindo.
Se elevando para o céu.
Vi-as crescer.
Cheias de braços,
Tão elegantes.
Em grande roda.
Espigaram-lhes as folhas,
Floriram de amor,
Nasceram-lhe as espigas.
Ficaram trigueiras,
Moçoilas garridas.
Bailando ao vento,
Banhadas de sol.
Umas lavradeiras
Carregadinhas de versos...
Poesia tão pura,
Que a terra escreveu.
Ouvindo Rachmaninov, concerto nº 2
Berlim, 17 de Fevereiro de 2014
6h42
Joaquim Luís Mendes Gomes
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