segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

cruzamento das duas estradas...


O cruzamento das duas estradas...

Frente à minha varanda,
Passam duas estradas.
Sempre cheias,
De madrugada a madrugada.
Dois cortejos intensos.
Num vai-e-vém. Constante.
Dão-se tão bem!...
Num pára-arranca,
O semáforo manda.

Uns de fora,
Outros de dentro.
Uns do sul,
Outros do centro.
O fervilhar da vida,
Intensa,
Em movimento.

A ela vou, depois do meu jantar.
Bebo a paz das baforadas quentes
Do meu cachimbo.
E do meu uísque.

Observo e sonho.

São dois cortejos
De gente viva,
Igual a mim.
Que ri e chora.
Suspira e sonha.
Como eu choro e rio.

Conforme o vento.
Conforme o tempo.

Daqui eu vejo,
Olhando bem longe.
Nuvens que passam,
No seu destino.

Levam no ventre tantas sementes.
Num cortejo livre.
Vivem do mar
Que as sustenta.

Transformam em pão,
Por arte mágica.
A verdura dos campos.
Vestem as serras
De tule e branco.

Enquanto vivo...
E me alimento.

Ouvindo Smetana e outros


Berlim, 10 de Fevereiro de 2014
20h28m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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