Saudade das águas santas...
Sinto tamanha saudade
Das águas da minha infância.
Daquelas enxurradas
Que escorriam frémitas
Pelas valetas,
Ao lado das estradas.
E a das fontes santas,
Que nunca paravam.
Dia e noite, sempre a botar.
Enchiam os cântaros
De água fresquinha,
Para o caldo das couves
Da nossa horta.
E as chuvas de Março
e abril,
Fustigando ao vento.
Batiam as janelas
Da minha casa,
Viradas a norte.
E as de Maio,
Batiam nas tendas.
Mas não conseguiam afugentar
Os que iam à feira!...
E as vergastadas da feira de gado.
As moscas fugiam,
Cheias de medo.
E as orvalhadas do mês de Agosto.
Escorriam das vides,
Sabiam a mosto.
E as trovoadas malucas
Sempre zangadas.
Despejavam granizo,
Como se fossem pedradas.
E aquelas chuvas
Do fim do mundo...
Alagavam os campos.
Pareciam um mar...
Ouvindo a gaita dos Andes
Berlim, 17 de Fevereiro de 2014
19h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário