segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

saudade das águas santas...


Saudade das águas santas...

Sinto tamanha saudade
Das águas da minha infância.

Daquelas enxurradas
Que escorriam frémitas
Pelas valetas,
Ao lado das estradas.

E a das fontes santas,
Que nunca paravam.
Dia e noite, sempre a botar.

Enchiam os cântaros
De água fresquinha,
Para o caldo das couves
Da nossa horta.
 E as chuvas de Março e abril,
Fustigando ao vento.
Batiam as janelas
Da minha casa,
Viradas a norte.

E as de Maio,
Batiam nas tendas.
Mas não conseguiam afugentar
Os que iam à feira!...

E as vergastadas da feira de gado.
As moscas fugiam,
Cheias de medo.

E as orvalhadas do mês de Agosto.
Escorriam das vides,
Sabiam a mosto.

E as trovoadas malucas
Sempre zangadas.
Despejavam granizo,
Como se fossem pedradas.

E aquelas chuvas
Do fim do mundo...
Alagavam os campos.
Pareciam um mar...

Ouvindo a gaita dos Andes

Berlim, 17 de Fevereiro de 2014
19h54m
Joaquim Luís Mendes Gomes



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