sábado, 12 de julho de 2014

clareiras...

Clareiras…

Espaços perdidos,
No tempo,
Expostos ao sol
E ao vento.

Campos de verde,
Com salpicos de cores
Das flores que das sementes...
Nasceram.

Sulcos à sorte
De ribeiros e rios.
Parecem serpentes.

Esvoaçam pardais.
Há borboletas,
Como papoilas,
E lírios silvestres
Que batem as asas.

Serenas em bandos,
Pastam as vacas,
De orelhas e caudas,
Pendentes,
Sacudindo as moscas.

Há gamos argutos
De hastes ao alto
E de olhos picantes.
Saltitam aos pulos,
Com susto,
Como escaravelhos.

Há campos lavrados
À força dos pulsos suados
E da força dos bois.
Se tornam searas.
Sem fim.

E, nas bordas, a esmo,
Crescem videiras,
Cheias de uvas,
Brancas e tintas.

Plátanos, salgueiros,
Expostos ao alto,
Gargalham ao sol
E batem as palmas,
Com os ramos ao vento.

Nas poças da chuva
Que a terra não quis,
De dia e de noite,
À vez,
Coaxam as rãs,
Com medo das cobras.

Nas encostas dos montes,
Fervem as casas
De telhados calados.
Algumas são escolas.
Onde brincam miúdos.

Ouve-se os galos,
Ladram os cães
Miam as gatas de cio

Nas torres com cruzes,
Tocam os sinos.
Nas horas da missa.

Berlim, 13 de Julho de 2014
5h51m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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