quarta-feira, 23 de julho de 2014

ressurreição...

Ressurreição…

Ressurgi das profundezas do passado.

Cheguei ao topo da montanha.

Límpido dia de sol.

Escassas núvens brancas

Salpicam o céu azul.

Olhei ao longe e a toda a volta

E vi claro.

Como nunca.

Senti-me solto de amarras.

Só um fio ténue

Vinha do Alto

E se prendia,

Brando e firme

Ao coração.

Muito seguro.

Vi rasgarem-se todas as cortinas fumarentas.

De incenso ensonsso, umas.

Outras, do pês da terra,

Pestilento.

Tantas teias bassas,

Com tintas sem cor.

Se enlearam em mim,

Quando saí para o mundo.

De aristóteles ao tomás de aquino

E agostinho deserto.

Libertei meu peso bruto,

Duma carga estúpida,

Cheia de cascalho estéril

Com vestes graves,

Como se fora a trave mestra.

Lancei ao vento todos os cadernos

De preceitos escritos por mãos tiranas,

Sedentas de império,

Nas consciências.

Atirei ao mar todas as fábulas,

De rãs e sapos do culto,

Escritas por falsos esopos.



Senti-me só eu e os meus olhos abertos.

Vejo claro, só com estes

Que Deus me deu…

Mafra, 24 de Julho de 2014

7h10m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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