sábado, 12 de julho de 2014

perfume do entardecer...

Perfume do anoitecer…




 
Vou para a minha varanda,

Ao entardecer.

Com todos os meus novelos.

Enchem um cesto.

Estão tão emaranhados.

Vou ver-me grego

Para os desenlaçar.

Fui-o enchendo,

Ao correr da vida.

Quando me sentia preso,

Ali os ia pondo.

Caminho mais fácil.

Foram somando…somando…

Que grande rima!

Não sei onde lhe está a ponta.

São de várias cores.

Secaram os que eram verdes.

Murcharam os que eram roxos.

Há salpicos rubros

Que parecem de sangue.

Há-os de cinza.

Há-os castanhos,

E os de casca de ovo.

Me debruço

E os rememoro.

Há-os com laços.

Tão emaranhados,

Parecem morcegos.

Há-os vendados.

Com cadeados.

Esqueci o segredo

Que os conseguiam abrir.

Chego-lhes fogo.

De tão apagados,

Se consomem de fumo.

Tresandam a fel.

Revolta e dor.

Águas passadas.

Dum rio sem fundo.

Há-os doirados

Reluzindo ao sol.

Guardam segredos.

Espaços de luz.

Se evolam quimeras.

De esperanças perdidas.

Forjadas de sonho

Que o tempo matou.

Me abraço aos meus laços.

Foram só meus.

Deixo que a hora da morte

Os liberte de vez…

Berlim, 12 de Julho de 2014

21h11m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 


 

 




Perfume do anoitecer…




 
Vou para a minha varanda,

Ao entardecer.

Com todos os meus novelos.

Enchem um cesto.

Estão tão emaranhados.

Vou ver-me grego

Para os desenlaçar.

Fui-o enchendo,

Ao correr da vida.

Quando me sentia preso,

Ali os ia pondo.

Caminho mais fácil.

Foram somando…somando…

Que grande rima!

Não sei onde lhe está a ponta.

São de várias cores.

Secaram os que eram verdes.

Murcharam os que eram roxos.

Há salpicos rubros

Que parecem de sangue.

Há-os de cinza.

Há-os castanhos,

E os de casca de ovo.

Me debruço

E os rememoro.

Há-os com laços.

Tão emaranhados,

Parecem morcegos.

Há-os vendados.

Com cadeados.

Esqueci o segredo

Que os conseguiam abrir.

Chego-lhes fogo.

De tão apagados,

Se consomem de fumo.

Tresandam a fel.

Revolta e dor.

Águas passadas.

Dum rio sem fundo.

Há-os doirados

Reluzindo ao sol.

Guardam segredos.

Espaços de luz.

Se evolam quimeras.

De esperanças perdidas.

Forjadas de sonho

Que o tempo matou.

Me abraço aos meus laços.

Foram só meus.

Deixo que a hora da morte

Os liberte de vez…

Berlim, 12 de Julho de 2014

21h11m

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

 

 

 


 

 

 
 

 



 
 

 



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