segunda-feira, 14 de julho de 2014

nevoeiro no mar...

Nevoeiro no mar…
As sirenes à beira-mar,
Deseperadas, não páram de apitar.
Uma carapaça bassa e densa,
Como armadura,
Se armou.
Não há setas nem flechas agudas
Que lhe entrem.
Que é feito daquele gigante irado,
Tão impante nas suas vagas,
Para onde fugiu
Que ninguém o vê?
Só se ouve estertores,
Dum moribundo,
Arfando a morte,
Arrependido e humilhado.
Um lençol em pano,
O envolve à volta,
Como se fosse
A sepultar.
As gaivotas, aos bandos,
Carpideiras,
Fazem arcos sobre a areia.
Estonteadas com seu destino.
Grasnam…grasnam…
Sem parar,.
Tão aflitas
Que hão-de dar aos seus filhinhos,
Há tantas horas as esperam,
Biquinho seco tão aberto,
Se foi para isto
Que vieram ao mundo…
Mais valia não terem nascido.
E as mulheres dos pescadores,
Nas suas casas,
Embrulhadas em mantos negros,
Velas a arder,
Ajoelhadas frente à Senhora
Que também foi esposa
E também é Mãe,
Fazem promessas…
Rezam Ave-Marias,
Clamando em sofrido pranto,
Faça um milagre
E lhes acuda a seus maridos…

Berlim, 15 de Julho de 2014
5h39m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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