Mar do passado…
Lanço ao mar profundo
Minha linha de pesca longa.
Ao acaso.
Pode ser que vá passando
Um cardume de memórias
Do meu passado.
Quero rever-me,
nem que seja só uma.
A trago à tona.
Fico a olhá-la.
Com estes olhos
Que os anos cansaram.
Era Domingo.
Ao cair da tarde.
Fazia calor.
De Agosto a sério.
A sirene, ao longe,
Começou uivando.
Ininterrupta.
Era um fogo!
Onde seria?
Um pouco mais,
O tilintar insistente das campainhas,
Começou descendo,
De norte para sul.
Estrada da vila.
Foi-se chegando.
Chegou à Forca.
A Pedra Maria.
Virou para cima,
A moto-bomba!
Com seis bombeiros.
Capacetes luzindo.
Perto de mim.
Meu coração batia.
Onde seria?
Passou-me à frente.
E foi para a Bouça da Pia.
Onde moravam os meus avós.
Fui a correr,
Até onde pude.
Uma nuvem negra
Enchia de fumo,
Os montes da Laje.
Que bem conhecia.
O caminho estreito,
Em barroca funda,
Fê-los descer.
Pegar na bomba
E seguir a pé.
Que grande incêndio
Na casa da eira,
A abarrotar de palha.
Não havia mangueiras.
Só a baldes de água.
Havia pânico.
Havia gritos!…
Havia um menino
No meio do fogo.
E vi um homem,
Com uma manta molhada,
A avançar as escadas
E entrar no inferno.
E, mais um pouco,
Com um menino ao colo…
Já era morto.
Nunca mais esqueci!
Mafra, 22 de Julho de 2014
16h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Lanço ao mar profundo
Minha linha de pesca longa.
Ao acaso.
Pode ser que vá passando
Um cardume de memórias
Do meu passado.
Quero rever-me,
nem que seja só uma.
A trago à tona.
Fico a olhá-la.
Com estes olhos
Que os anos cansaram.
Era Domingo.
Ao cair da tarde.
Fazia calor.
De Agosto a sério.
A sirene, ao longe,
Começou uivando.
Ininterrupta.
Era um fogo!
Onde seria?
Um pouco mais,
O tilintar insistente das campainhas,
Começou descendo,
De norte para sul.
Estrada da vila.
Foi-se chegando.
Chegou à Forca.
A Pedra Maria.
Virou para cima,
A moto-bomba!
Com seis bombeiros.
Capacetes luzindo.
Perto de mim.
Meu coração batia.
Onde seria?
Passou-me à frente.
E foi para a Bouça da Pia.
Onde moravam os meus avós.
Fui a correr,
Até onde pude.
Uma nuvem negra
Enchia de fumo,
Os montes da Laje.
Que bem conhecia.
O caminho estreito,
Em barroca funda,
Fê-los descer.
Pegar na bomba
E seguir a pé.
Que grande incêndio
Na casa da eira,
A abarrotar de palha.
Não havia mangueiras.
Só a baldes de água.
Havia pânico.
Havia gritos!…
Havia um menino
No meio do fogo.
E vi um homem,
Com uma manta molhada,
A avançar as escadas
E entrar no inferno.
E, mais um pouco,
Com um menino ao colo…
Já era morto.
Nunca mais esqueci!
Mafra, 22 de Julho de 2014
16h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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