Relíquia…
É de mim.
Fez-me assim a natureza.
Não sou arrumado.
Tenho de fazer um esforço.
Como quem puxa um arado.
Ou um arrastão no rio,
Contra a corrente.
O que por mim passa,
Passou. Na hora se foi.
E eu fiquei.
Mas, à medida que tudo passa,
Nesta velocidade de vertigem,
Meus olhos se prendem ao longe.
Naturamente. Em busca de suas raízes.
Preciso delas para respirar.
É lá que estão as minhas chaves para tantas portas.
Cada vez estou mais à nora.
É tanta a ventania.
Sopram ventos de confusão.
Em todos os planos.
Se escaqueiraram as plataformas.
Pareciam d’aço.
Para durar até à morte.
Foi outra a sorte.
O homem complica tudo.
Na voragem de dominar.
Cria teias.
Dá laços e cegos nós.
Para apertar e avassalar.
Afinal, o segredo está na simplicidade
E na verdade
Do que é natural.
Somos iguais e companheiros
Da mesma romagem.
São aparentes as distâncias
Que emergem da arquitectura.
É mesma a massa.
Mesmos sonhos e anseios
Ardem cá dentro.
Precisamos uns dos outros
Para não irmos sózinhos.
Amar não seja nunca só
Uma relíquia…
Mafra, 31 de Julho de 2014
7h3m
Joaquim Luís
É de mim.
Fez-me assim a natureza.
Não sou arrumado.
Tenho de fazer um esforço.
Como quem puxa um arado.
Ou um arrastão no rio,
Contra a corrente.
O que por mim passa,
Passou. Na hora se foi.
E eu fiquei.
Mas, à medida que tudo passa,
Nesta velocidade de vertigem,
Meus olhos se prendem ao longe.
Naturamente. Em busca de suas raízes.
Preciso delas para respirar.
É lá que estão as minhas chaves para tantas portas.
Cada vez estou mais à nora.
É tanta a ventania.
Sopram ventos de confusão.
Em todos os planos.
Se escaqueiraram as plataformas.
Pareciam d’aço.
Para durar até à morte.
Foi outra a sorte.
O homem complica tudo.
Na voragem de dominar.
Cria teias.
Dá laços e cegos nós.
Para apertar e avassalar.
Afinal, o segredo está na simplicidade
E na verdade
Do que é natural.
Somos iguais e companheiros
Da mesma romagem.
São aparentes as distâncias
Que emergem da arquitectura.
É mesma a massa.
Mesmos sonhos e anseios
Ardem cá dentro.
Precisamos uns dos outros
Para não irmos sózinhos.
Amar não seja nunca só
Uma relíquia…
Mafra, 31 de Julho de 2014
7h3m
Joaquim Luís
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